Um custo mais alto para intervenção Enquanto o Planalto anuncia um aporte de R$ 800 milhões para as ações no Rio, interventor fala de rombo de R$ 3,1 bilhões na segurança pública do estado

Publicação: 20/03/2018 03:00

O presidente Michel Temer disse ontem que a verba para ações da intervenção na segurança do Rio de Janeiro deve ficar entre R$ 600 e R$ 800 milhões. Segundo o presidente, os valores serão liberados via medida provisória que deve ser editada ainda esta semana, possivelmente quarta-feira. Temer disse ainda que o Ministério Extraordinário da Segurança Pública deve receber um aporte de R$ 3 bilhões. As declarações do presidente foram feitas a jornalistas convidados para almoço após cerimônia de abertura do Fórum Mundial da Água no Palácio do Itamaraty, e confirmadas à reportagem pela assessoria da Presidência.

No domingo, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, já havia informado que o governo irá publicar MP para abrir crédito extraordinário à segurança pública do Rio. O ministro não citou o valor total, mas afirmou que deve ultrapassar R$ 1 bilhão.

Bem mais caro

O interventor da segurança no Rio, general Braga Netto, informou que há um déficit de R$ 3,1 bilhões na área de Segurança no estado. O setor teria um passivo (dívidas) de R$ 1,6 bilhão em gastos feitos em anos anteriores, ainda à espera de pagamento, e cerca de R$ 1, 5 bilhão em ações previstas deste ano. Os dados do general foram repassados a 24 parlamentares, entre eles deputados federais que integram a comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha a execução da intervenção.

O grupo se reuniu com o general ontem no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Rio. O deputado Hugo Leal (PSB/RJ), coordenador da comissão, disse que só o passivo na área de pessoal na Polícia Militar está em torno de R$ 700 milhões. “Esse é um assunto que cabe a nós, como legisladores federais, a discussão, a pressão, por parte do governo federal para que se possa disponibilizar recursos necessários à intervenção e investimentos”, disse.

O deputado federal Alessandro Molon (PSB), que também integra o grupo, disse que ficou “muito impressionado com ausência total de recursos para a realização da intervenção”.  “O interventor deixou claro que a necessidade para este ano é pagar os atrasados e, para fazer frente às necessidades até o final do ano, o gasto é da ordem de R$ 3 bilhões, o que faz com que esse anúncio de R$ 1 bilhão feito pelo governo seja totalmente insuficiente. Isso prova que se trata de uma iniciativa improvisada pelo governo federal e que está obrigando oficiais das Forças Armadas a se desdobrarem em medidas necessárias para tentar alcançar o bom êxito”, disse Molon.

Depois do encontro, Braga Netto se reuniu com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), para buscar saídas para a liberação de recursos para a segurança. (AE)