Uma aliança longe de ser unânime Coligação entre esquerda e centro-esquerda ainda segue distante de um desfecho no cenário nacional e mais ainda em Pernambuco

Aline Moura
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Publicação: 17/05/2018 08:30

O PT pode até retornar à base do governo Paulo Câmara (PSB), mas a própria presidente nacional da legenda petista, Gleisi Hoffman, disse que este não será um dos caminhos mais fáceis do partido em Pernambuco. A avaliação de Gleisi foi externada ontem à presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, com quem se reuniu. As duas se encontraram em Brasília para discutir a conjuntura política nacional. Gleisi repetiu para Luciana Santos o que tinha falado na noite anterior para o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Ressaltou haver estados abertos à retomada do diálogo entre PT e PSB enquanto outros apresentam maiores dificuldades por resistência da base.

Segundo Luciana - uma das principais defensoras do retorno do PT à Frente Popular, comandada por Paulo Câmara - o debate sobre a aliança nos estados será aprofundado na próxima semana. A prioridade do encontro de ontem foi falar sobre o contexto nacional. “A aliança no Maranhão, por exemplo, está decidida. O PT vai apoiar Flávio Dino (candidato à reeleição pelo PCdoB), mas entre eles há controvérsias sobre Pernambuco”, destacou a presidente do PCdoB.

Luciana Santos conversou com Gleisi num dia de tensão interna no PT pernambucano. Ontem, o ex-presidente nacional da legenda petista Rui Falcão, que se tornou adversário do PSB estadual, divulgou uma nota na qual defendeu a pré-candidatura de Marília Arraes ao estado. Rui Falcão defendeu sua posição, publicamente, logo após aumentarem os rumores de que a aliança entre o PSB e o PT estaria selada. A reaproximação poderia ser garantida com a desistência do candidato do PSB ao governo de Minas Gerais, Márcio Lacerda, que apoiaria a pré-candidatura do petista Fernando Pimentel.

Ainda segundo Luciana, Gleisi declarou que a tática do PT nacional será levar a campanha de Lula às últimas consequências. Mas a comunista não deu indicativos de que os partidos de centro-esquerda e esquerda farão o mesmo. “Eu situei que a gente vive numa ofensiva política, porque fomos derrotados desde o impeachment. Falei que as forças que governam o país estão retirando todos os direitos dos trabalhadores e chegaram ao ponto de prender o principal líder nas pesquisas de opinião, por isso, não podemos subestimá-las. Externei que temos que ter uma estratégia em comum, mesmo que a gente não saia no mesmo palanque”.

Para Carlos Siqueira, Gleisi também não acenou de forma conclusiva sobre a aliança entre o PSB e o PT em Pernambuco, alegando que a questão só pode ser definida depois de 10 de junho, quando o PT local toma sua decisão. Gleisi inclusive tranquilizou Marília Arraes a respeito da reunião que teve com o presidente nacional socialista, que retomou com afinco o debate com os partidos de centro-esquerda após a desistência de Joaquim Barbosa.

Gleisi falou para Siqueira que manterá a pré-candidatura de Lula, mas os socialistas não veem com bons olhos a empreitada jurídica e estão num diálogo avançado para apoiar o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes.