DIARIO POLíTICO » Morde, assopra e ameaça

Marisa Gibson
marisa.gibson@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 15/05/2020 03:00

Com várias frentes de batalhas e ainda sem ganhar nenhuma - a disputa pelo comando da Polícia Federal é a mais recente e pode lhe custar o cargo – o presidente Bolsonaro adotou a estratégia do morde, assopra e ameaça com os governadores. Depois de dizer à saída do Palácio da Alvorada estar “pronto para conversar” e propor um diálogo com os governadores para se reavaliar a política de isolamento contra a Covid-19, Bolsonaro conclamou empresários, numa videoconferência, a partir para guerra com os governadores pela abertura do comércio e acenou com o risco de saques a lojas e supermercados devido ao desemprego em massa.

Já impactada pelas mortes provocadas pela Covid-19, a opinião pública começa a desviar a sua atenção da pandemia para a possibilidade de um novo processo de  impeachment, instrumento capaz de destronar governantes poderosos e donos da verdade. Talvez, por isso, o presidente Bolsonaro tenha também aberto espaço ontem para um encontro amigável com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), única autoridade do país que tem o poder de colocar em tramitação um pedido de impeachment contra um presidente da República.

Bem, se os governadores vão levar a sério as declarações do presidente não se sabe. Dos 27, apenas sete são aliados de Bolsonaro  -  Distrito Federal, Santa Catarina, Paraná, Minas, Roraima, Amazonas, Rondônia e Acre. Os demais já estão acostumados a enfrentá-lo. Agora, ao bater boca com os governadores, o presidente não preservou a sua autoridade e desde que o Supremo Tribunal Federal decidiu ser dos estados a prerrogativa das medidas de prevenção contra a Covid-19, Bolsonaro ficou sem chão para essa guerra.

Nem por isso
São todos periféricos os cargos com que os deputados federais pernambucanos filiados a partidos que integram o Centrão estão sendo agraciados pelo Palácio do Planalto. Mas são colocações que enchem a vista e fazem a festa no interior do estado e ajudam a eleger muita gente.

Trabalhar no recesso?
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para suspender o recesso da Assembleia Legislativa a partir da pandemia da Covid-19, apresentada pelo deputado Wanderson Florêncio (PSC), dividiu os colegas. Numa prévia do que poderá ser a discussão da matéria que ainda nem chegou à Comissão de Constituição e Justiça, a maioria dos deputados presentes à sessão virtual, ontem, disse não à proposta.

Imagem
Houve quem argumentasse que suspender o recesso através de uma PEC vai passar a ideia de que os deputados não trabalham e que, para isso, é preciso uma emenda constitucional, o que seria muito ruim para a imagem do Poder Legislativo. Para outros, a proposta teria um efeito positivo na medida em que a  população acha que recesso é férias e ficar sem trabalhar num período tão grave quanto o da pandemia é simplesmente inconcebível.

Obá!
Fiscais de partido podem ser pagos com recursos do Fundo Eleitoral, segundo confirmou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao responder consulta feita pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB).

Não vinga
Do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), líder do governo:“A tese de prorrogação dos atuais mandatos não vinga, não vai ganhar corpo nem na Câmara dos Deputados, nem no Senado Federal. Estamos avaliando a curva de contágio da Covid-19 e acredito que, no máximo, haverá um adiamento das eleições por 30 dias.”

Está na hora
Mesmo fora do palco, Luiz Henrique Mandetta (DEM) continua pontuando. Ao ser questionado sobre previsão do ex-ministro da Saúde que afirmou em entrevista  à CNN que o número diário de mortes no Brasil pode ultrapassar a marca dos mil casos, o presidente Bolsonaro foi categórico: “Esquece o Mandetta.”