Diogo: "Raquel nunca quis relação estável" Assim como a líder do governo, o líder da oposição na Assembleia Legislativa falou com o Diario sobre a relação da Casa com a governadora Raquel Lyra

Guilherme Anjos

Publicação: 23/06/2025 03:00

 (DIVULGAÇÃO/ALEPE)
A bancada de oposição reagiu na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) em 2025, conquistando as principais comissões, após um ano sendo posta contra a parede pela maioria governista, que aprovou todos os projetos. Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o líder da oposição na Assembleia, deputado Diogo Moraes (PSB), avaliou a relação entre os poderes Executivo e Legislativo e analisou os impasses vividos pela Casa, criticando duramente o Palácio. 

Entrevista -
Diogo Moraes // Deputado líder da oposição na Alepe
 
A relação da governadora com a Alepe no ano passado vinha sendo bastante vantajosa para o Palácio. Ela aprovou tudo o que enviou, e ter as principais comissões deixou a oposição tendo que votar a favor de projetos de forma relutante. Esse ano, essa relação mudou por completo. Na sua visão, o que provocou isso?

A relação sempre foi conflitante. Falta um diálogo bem feito. À medida que ela perdeu todas as comissões mais criteriosas, todos os projetos do governo, sem exceção, usaram o regime de urgência como subterfúgio. A falta de diálogo e o não pagamento das emendas continuam, e a relação tende a ficar mais conflituosa pelo próprio comportamento do governo. 

Seria possível “unir” Raquel Lyra e Alepe?

A governadora nunca quis uma relação mais estável com a Assembleia. Inclusive, o presidente da Casa disse que ela foi muito rude e arrogante em suas ligações por telefone com ele. Isso mostra que não há menor vontade da governadora em ter essa relação mais estável, de reciprocidade. Queremos uma relação de união com o povo de Pernambuco.

O primeiro grande racha da Casa com a governadora foi o não pagamento das emendas. Como isso tem sido lidado entre Executivo e Legislativo?

A governadora segue não pagando as emendas. Quando voltarmos em agosto, essa discussão vai ficar mais acalorada. O tempo vai passando e os prefeitos e instituições vão cobrando. No começo do ano, queríamos que ela pagasse o restante de 2024, que não foi pago ainda. Algumas coisas estão sendo acertadas a conta gotas, mas não da forma que era para ser. E em 2025, não foi pago absolutamente nada.

Como o senhor avalia os impactos do impasse em torno do empréstimo de R$ 1,5 bilhão, da pauta travada e do plenário esvaziado na relação de ambos os poderes com os setores da sociedade que acabaram pegos no fogo cruzado, à exemplo dos profissionais de educação?
O governo trancou a pauta e esvaziou o plenário. A oposição sempre está lá a postos para votar. A questão dos professores foi mais uma trapalhada do governo, que por uma semana esvaziou para não votar, fazendo pressão não sei a quem. Nenhum deputado governista estava em plenário. Quando deu 26 votos para aprovar o reajuste dos professores, eles entraram em plenário para tentar minimizar a derrota.

A governadora pede para trancar a pauta por um empréstimo que não há urgência. O governo não tem capacidade operacional e administrativa sobre os contratos que autorizamos - R$ 9,3 bilhões autorizados e o governo só teve a capacidade de captar R$ 1,4 bilhão. Não vejo razão da narrativa de que queremos parar os investimentos. Queremos as informações previstas por lei sobre onde estão sendo gastos os recursos. 

E outro detalhe, ela anulou as diretrizes do empréstimo de 2023 que era para água, segurança e estradas. Ela pode investir em qualquer coisa, como queria fazer para comprar computador e ar condicionado para o Palácio.