"Salvadores" prejudiciais para a política
Eleitor brasileiro tende a depositar esperanças de transformação em uma pessoa, por isso quem está associado a polêmicas segue sendo um líder
Guilherme Anjos
Publicação: 31/03/2025 03:00
É comum encontrar afirmações de descrença com a classe política entre o eleitor brasileiro, muitas vezes associadas às polêmicas enfrentadas pelos últimos presidentes. Na análise de Hely Ferreira, entretanto, esse sentimento vai além dos imbróglios judiciais, tanto que os envolvidos continuam sendo lideranças políticas. É sobre a falta de transformações promovidas por políticos eleitos sob a narrativa de “salvador”.
Para o cientista político, depositar as esperanças do país em uma figura personalista prejudica a democracia. “O eleitor brasileiro tem esse problema porque deposita a esperança e as transformações em uma pessoa, esquecendo que, num regime democrático, o que deve prevalecer são as ideias, e não uma figura personalista. É por isso que nós temos uma tendência natural em querer achar que vai surgir um salvador e uma polarização que é um fenômeno não só no Brasil, mas no mundo inteiro”, analisou.
Segundo o procurador do Estado de Pernambuco e advogado, Walber Agra, é apostando neste fenômeno que Jair Bolsonaro vem reforçando uma narrativa de que está sendo perseguido politicamente pelo Judiciário, visando inflamar seus apoiadores para garantir a opinião pública ao seu lado. O advogado acredita, no entanto, que o funcionamento das instituições tem colocado sua liderança em cheque.
“Bolsonaro tem um eleitorado que se adequa a essas pautas, mas o mais consciente já tem um distanciamento de tê-lo como um líder porque ficam evidentes as falhas. O mais interessante na democracia é que quando se perde, deve-se obedecer o resultado do jogo, esperar a próxima eleição. Se ele assim o fizesse, poderia competir em 2026. O que notamos é que uma parte do eleitorado é totalmente alienada ao que acontece, e não só no Brasil, mas em várias partes do mundo, onde as pessoas que serão afetadas por políticas econômicas continuam apoiando-as pensando que elas poderiam beneficiar-lhes, quando na verdade vão gerar prejuízos”, avaliou.
Para Agra, o problema enfrentado pela democracia é além do eleitoral ou institucional, mas é sobre a crescente desigualdade no território nacional. “O sistema brasileiro tem respaldo. O problema da democracia brasileira não é esse, é como vamos atender a população excluída. A democracia em todo mundo é um sistema ao qual se compatibiliza com um distanciamento entre setores sociais. Aqueles que ganham muito são cada vez menos em relação aos mais pobres. Essa é a grande falência da democracia. Não é só voto, é todo um respeito a determinadas narrativas baseadas em direitos fundamentais. A democracia não é um símbolo, é uma forma política, econômica e social de governo que pressupõe uma inclusão social. Sem inclusão social, não há democracia”, frisou.
Para o cientista político, depositar as esperanças do país em uma figura personalista prejudica a democracia. “O eleitor brasileiro tem esse problema porque deposita a esperança e as transformações em uma pessoa, esquecendo que, num regime democrático, o que deve prevalecer são as ideias, e não uma figura personalista. É por isso que nós temos uma tendência natural em querer achar que vai surgir um salvador e uma polarização que é um fenômeno não só no Brasil, mas no mundo inteiro”, analisou.
Segundo o procurador do Estado de Pernambuco e advogado, Walber Agra, é apostando neste fenômeno que Jair Bolsonaro vem reforçando uma narrativa de que está sendo perseguido politicamente pelo Judiciário, visando inflamar seus apoiadores para garantir a opinião pública ao seu lado. O advogado acredita, no entanto, que o funcionamento das instituições tem colocado sua liderança em cheque.
“Bolsonaro tem um eleitorado que se adequa a essas pautas, mas o mais consciente já tem um distanciamento de tê-lo como um líder porque ficam evidentes as falhas. O mais interessante na democracia é que quando se perde, deve-se obedecer o resultado do jogo, esperar a próxima eleição. Se ele assim o fizesse, poderia competir em 2026. O que notamos é que uma parte do eleitorado é totalmente alienada ao que acontece, e não só no Brasil, mas em várias partes do mundo, onde as pessoas que serão afetadas por políticas econômicas continuam apoiando-as pensando que elas poderiam beneficiar-lhes, quando na verdade vão gerar prejuízos”, avaliou.
Para Agra, o problema enfrentado pela democracia é além do eleitoral ou institucional, mas é sobre a crescente desigualdade no território nacional. “O sistema brasileiro tem respaldo. O problema da democracia brasileira não é esse, é como vamos atender a população excluída. A democracia em todo mundo é um sistema ao qual se compatibiliza com um distanciamento entre setores sociais. Aqueles que ganham muito são cada vez menos em relação aos mais pobres. Essa é a grande falência da democracia. Não é só voto, é todo um respeito a determinadas narrativas baseadas em direitos fundamentais. A democracia não é um símbolo, é uma forma política, econômica e social de governo que pressupõe uma inclusão social. Sem inclusão social, não há democracia”, frisou.