Cid diz que Filipe Martins mudou decreto golpista Tenente-coronel Mauro Cid prestou depoimento ao Supremo na condição de informante e disse que ex-assessor mexeu no documento a pedido de Bolsonaro

Publicação: 15/07/2025 03:00

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou ontem em audiência de testemunhas no Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-assessor da Presidência Filipe Martins fez alterações a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na minuta com medidas de exceção para reverter o resultado das eleições de 2022. Martins nega participação.

Ainda segundo Cid, que prestou depoimento na condição de informante, Filipe Martins teria exibido os “considerandos” do decreto golpista em reunião com Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas na biblioteca do Palácio da Alvorada, nos últimos meses de 2022. O tenente-coronel disse em resposta ao ministro-relator das ações penais da trama golpista, Alexandre de Moraes, que Martins se reuniu com Bolsonaro no final de 2022 e saiu do encontro com o decreto golpista “rabiscado”. Os rabiscos seriam as alterações pedidas pelo então presidente.

“Foi quando ele pegou o computador para fazer as modificações sugeridas pelo presidente”, disse Cid. “O documento em si, propriamente dito, era composto de prisão de autoridades, decretação de novas eleições e novas medidas relacionadas a ações em torno disso aí”, prosseguiu. Cid ainda declarou que Martins participou em outras oportunidades das reuniões realizadas por Bolsonaro para reverter o resultado das eleições presidenciais.

O advogado de Felipe Martins, doutor Jeffrey Chiquini, confrontou Cid com o depoimento do ex-comandante do Exército Freire Gomes, que disse não lembrar da participação do ex-assessor nas reuniões com Bolsonaro. Cid, por sua vez, reforçou que tanto Martins quanto Freire Gomes estiveram em alguns encontros. 

NOVA FASE
O processo da trama golpista entrou em uma nova fase nesta semana. Hoje, começam a depor as testemunhas indicadas pelos réus que fazem parte dos núcleos 2, 3 e 4. Os depoimentos devem seguir até 23 de julho. (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)