Costa: governo está defendendo soberania Em entrevista ao Diario, senador avaliou resposta de Lula ao tarifaço, disse que bolsonaristas praticam crime de "lesa-pátria" e falou sobre as eleições de 2026

Guilherme Anjos

Publicação: 14/07/2025 03:00

Senador e presidente nacional do PT até agosto, Humberto Costa afirma que grupos políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estariam cometendo “crime de lesa-pátria” ao apoiar a taxação de 50% de importação sobre produtos brasileiros imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada. Em entrevista exclusiva ao Diario, o petista avaliou que os bolsonaristas estariam preocupados em “livrar a cara do ex-presidente e de seus auxiliares”, que são réus no STF, e falou sobre o processo eleitoral em Pernambuco.
 
Entrevista // Humberto Costa - Senador e presidente nacional do PT
 
Após Donald Trump anunciar o tarifao conta o Brasil e defender o ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente Lula assumiu uma postura de ressaltar a soberania nacional, mas a extrema-direita já acusa o governo e o STF de criarem prejuízos econômicos ao país. Há receios de novas crises?
Não, eu acho que o governo está muito bem, está defendendo a soberania do nosso país e a nossa Constituição, enquanto a extrema-direita está cometendo um crime de lesa-pátria ao convocar um governo estrangeiro a impor no país sanções péssimas para nossa economia, para os diversos setores econômicos e para os trabalhadores vinculados a esses setores.
O presidente agiu com muita firmeza, mas ao mesmo tempo com muita sobriedade. Ele não vai permitir qualquer agressão a nossa independência, a nossa autonomia, soberania, mas vai continuar no caminho da negociação. É um momento também que fica claro para a população brasileira o que é a extrema direita, que não está nem um pouco preocupada com o país, com o seu povo, mas em conseguir fazer pressão para livrar a cara do ex-presidente Bolsonaro e dos seus auxiliares, que participaram diretamente de uma tentativa de imposição de uma ditadura ao Brasil.

O senhor é pré-candidato à reeleição no Senado no próximo ano, e o PT tem se aliado, até o momento, com o prefeito João Campos, que pode disputar o Governo do Estado. Mas João tem aparecido ao lado de outros nomes ao Senado, como Miguel Coelho, Marília Arraes e Sílvio Costa Filho. O senhor acredita que tem lugar garantido na chapa dele?
Ninguém tem lugar garantido. Muita coisa vai acontecer daqui para frente. O PT já externou mais de uma vez, seja pela direção nacional ou estadual, que nosso objetivo principal em Pernambuco é a reeleição da vaga do Senado. Eu tenho me apresentado como candidato. 

O debate sobre a composição das chapas e a decisão do PT sobre como vamos nos posicionar para o Governo do Estado ainda vai se iniciar. Pernambuco está vivendo uma antecipação muito grande da eleição. Mas nós vamos discutir as eleições estaduais a partir de uma lógica e uma estratégia nacional.

Se nada está acertado, um possível alinhamento com a governadora Raquel Lyra, caso ela decida apoiar o presidente Lula, é uma possibilidade? Ou está descartado?
Tudo será discutido nacionalmente e localmente. Vamos ouvir muito fortemente a posição do presidente Lula. Todo mundo sabe que o PT tem uma relação histórica com o PSB. (Mas)No momento, esse debate é muito antecipado. Mas vamos começar a fazer essa discussão em breve.