e se... Zidane não tivesse dado a cabeçada em Materazzi? Neste capítulo fictício, o craque francês respondeu à provocação de Materazzi com outra cabeçada, certeira, nas redes de Buffon

Publicação: 26/05/2014 03:00

Zinédine Zidane, o segundo melhor jogador da história do futebol. Quem diria que Maradona, no (quase) eterno debate sobre o maior de todos os tempos com Pelé, seria “rebaixado” a uma outra discussão boleira. O craque brasileiro segue hors concours. No degrau seguinte, o gênio francês fez por merecer a nova análise.

É inegável o desempenho espetacular do argentino em 1986. Arte e poder decisão, com personalidade. Com seu pé esquerdo, ganhou tudo. Foi o dono da Copa. De uma Copa. Em Berlim, vinte anos depois, Zizou também alcançou o protagonismo no Mundial. Pela segunda vez. Carrasco do Brasil no Stade de France, na goleada que valeu a primeira estrela dourada ao país, em 1998, o meia do Real Madrid voltou a fazer história. Novamente com dois gols em uma decisão. De novo com a Taça Fifa nas mãos. A isso, adicione o recorde de gols em finais da Copa do Mundo, com quatro, sendo três de cabeça e um de pênalti.

Da mesma forma que ocorreu com El Diez, não faltou personalidade ao meia na grande decisão - os brasileiros já sabiam disso. Diante da Itália, ele sofreu uma marcação implacável de Marco Materazzi. Carrinho, mão na cara, puxão de camisa e pressão psicológica. Mesmo com boa técnica, o zagueiro chegou a ser desleal. Enquanto isso, o árbitro argentino Horacio Elizondo parecia apitar um jogo de Libertadores no Defensores del Chaco, deixando passar tudo.

O empate em 1 a 1 seguia na prorrogação, numa disputa acirrada na elogiada edição realizada na Alemanha. Parecia claro que a Azzurra iria para mais uma disputa de título nas penalidades, para desespero dos “tifosi”. O lance, devidamente registrado no filme oficial de 2006, aconteceu aos 5 minutos do segundo tempo da prorrogação. Materazzi puxou mais uma vez a camisa 10 de Zidane, que falou em alto e bom tom: “Você quer a camisa? Eu dou a camisa para você após a partida. Fique tranquilo.” O italiano baixou o nível e disse que “gostaria da irmã” do craque. A tréplica? Não houve. Não diretamente.

Thuram lançou a bola para Trezeguet, que acabara de entrar. Dono de uma visão de jogo impressionante, Zizou deixou o adversário falando sozinho. Recebeu a bola na entrada da área e virou o jogo para Makelele. Tocou e se deslocou, com a defesa azul tentando uma recomposição. Com o público já de pé, a bola foi alçada na área. Livre de marcação, Zidane subiu bonito para repetir a sua especialidade: a cabeçada. Buffon não teve a menor chance. Nem no lance nem depois. Tristeza em Roma e Paris em festa mais uma vez.

Bicampeão mundial como estrela-mor, numa estatística demolidora para os hermanos, Zidane não esqueceu da promessa. Já com a medalha dourada, procurou o marcador nos bastidores do Estádio Olímpico. “Aqui está a camisa, é sua.” Sentado num banco no vestiário italiano, visivelmente desolado e acompanhado de Gattuso, Materazzi olhou com surpresa a visita. Teria sido uma ironia? Levantou de forma ríspida e se aproximou do francês. “Tome, é sua. É a minha última camisa”, afirmou Zidade. O zagueiro limitou-se a dizer “grazie” e sentou-se novamente. Ali estava encerrada a carreira profissional de Zinédine Zidane, um dos maiores nomes do esporte mundial. Só abaixo, talvez, de Pelé. Anos depois, de cabeça fria, Materazzi entenderia o valor da lembrança deixada naquele 9 de julho de 2006. Há quem diga que ele teria telefonado para o antigo desafeto e teria dito mais uma palavra: “scusam”.

História real

Ao escutar a provocação de Materazzi, Zidane não conseguiu se controlar e revidou com uma cabeçada no peito do zagueiro italiano. O lance não foi visto pelo árbitro. Mas foi denunciado pelo quarto árbitro - que fora informado por alguém que viu as imagens da TV, dizem. Zidane foi expulso. Sem ele, a França foi derrotada pela Itália na decisão por pênaltis.