Fred Figueiroa
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Publicação: 02/06/2015 03:00
A gangorra
Perdão pela repetição, mas é inevitável para a análise dos jogos desta terça-feira na Série B resgatar as estatísticas dos jogos do Santa Cruz e, desta vez, também do Náutico na temporada. Os números dão base para as palavras e ajudam a explicar a inversão do cenário entre os dois clubes. Do Pernambucano para o Campeonato Brasileiro, a gangorra do “céu” e “inferno” - inerente ao futebol - mudou de lado.
A perceptível transformação alvirrubra dentro de campo ganha corpo ao analisarmos a evolução do aproveitamento da equipe. Na Copa do Nordeste e Estadual, o Náutico venceu apenas 4 dos 17 jogos e ficou com aproveitamento de 37%. Desde então, com a chegada dos reforços e a assimilação da estrutura tática montada pelo técnico Lisca, o Timbu fez 7 partidas, ganhou cinco e empatou duas. O percentual de pontos somados saltou de 37% para 81%. No caso do Santa Cruz - que seguiu no caminho oposto e perdeu qualidade técnica desde o título sobre o Salgueiro - o aproveitamento de 54% no Estadual baixou para apenas 25% agora na Série B.
Os números mais emblemáticos, no entanto, podem ser observados ao tratarmos a temporada em uma espécie de linha reta - independentemente das competições. O desempenho do Náutico em 2015 já é superior ao do Santa: 50% contra 48%. E, na prática, esta diferença é ainda mais relevante pelo fato dos alvirrubros terem disputado oito partidas a mais que os tricolores na temporada: 26 jogos contra 18.
Conclusão direta: O Náutico é um time mais testado e em curva de crescimento. E a leitura além dos números revela uma equipe que parece ter entrado nos trilhos. Lisca encontrou um caminho para a evolução e encaixou as peças que eram necessárias para dar solidez ao seu esquema de jogo.
Organizou a defesa e, para o nível de exigência da Série B até aqui, foi o suficiente para dar competitividade à equipe. Do meio pra frente, os problemas se revelam mais crônicos e podem piorar caso a especulação da ida do atacante Douglas para o Flamengo se confirme. O setor é o mais carente do time alvirrubro e pode vir a ser o maior obstáculo para que o Náutico crie raízes no G4. As duas partidas desta semana, na Arena Pernambuco, são jogos-chave para a temporada. Seis pontos somados diante do Ceará hoje e América/MG na sexta vão criar um lastro e uma injeção de confiança que servirão como o marco definitivo da “virada” na temporada.
Só o fato de entrar como favorito diante do campeão da Copa do Nordeste - competição em que o próprio Náutico não passou sequer da 1ª fase - já é um avanço extramemente simbólico. O “favoritismo”, aliás, é justificável pelo desempenho de ambos na Série B, mas prefiro considerar a partida desta noite como uma espécie de “prova de fogo” para o Timbu.
Por outro lado...
A derrota no Arruda para o ABC foi um tapa na cara da realidade e levou o técnico Ricardinho a assumir a responsabilidade de desfazer o efeito da anestesia criada pelo título do Pernambucano. O desempenho na temporada é negativo e faz com que a conquista estadual perca cada vez mais sua função de pilar do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo próprio Ricardinho no Arruda. Os questionamentos surgiram e a inquietação nos bastidores já começa a ser percebida. Hoje contra o Paysandu, o Santa fez o seu jogo de maior pressão no ano e deve adotar uma postura tática mais cautelosa. As consequências são uma incógnita.