Realidade comum

Thaís Lima
Especial para o Diario
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Publicação: 21/06/2015 03:00

O Vitória é o maior expoente do fubebol feminino não só de Pernambuco, mas da região Nordeste. Foi vice-campeão da Copa do Brasil duas vezes (2011 e 2013), é hexacampeão estadual e o segundo colocado no ranking da CBF. Situação distinta do time masculino, que neste ano, vai brigar para retornar à Série A1 do futebol pernambucano. Uma discrepância que não reflete nos salários.

A lateral direita Amanda Leite, 26 anos, é um dos principais destaques do elenco atual do Vitória. Formada em Direito, ela diz que a maioria das atletas recebe um valor próximo ao do salário mínimo: R$ 788. “Muitas meninas trabalham durante a semana e só vão para os jogos. Eu sou formada e estou fazendo vários concursos. Na primeira oportunidade que eu tiver, largo o futebol”, afirmou.

Segundo o presidente do Vitória, Paulo Roberto Arruda, algumas atletas sequer ganham salário, mas só uma “ajuda de custo” para atuar pelo time. “Nós oferecemos qualidade na alimentação, na estrutura.
Temos academia, acompanhamento médico, transporte. Isso tudo demanda valores altos. Você não gasta menos de R$ 70 mil para manter o time”, afirmou ele, destacando que o teto salarial do futebol feminino é de R$ 1.500. No masculino, é de R$ 6 mil. “No caso dos jogadores, vai depender muito. Tem jogador que ganha R$ 5 mil, R$ 6 mil. Dificilmente vai ter uma menina ganhando isso”, destacou Paulo Roberto.

Apesar do baixo salário, Amanda elogia a estrutura do Vitória. “Aqui em Pernambuco teve uma melhora de 90% quando o Vitória entrou no mercado. O que eles podem fazer, eles fazem. Hoje, por exemplo, só não estuda quem não quer. Eles oferecem faculdade e colégio, além de toda a estrutura do clube”, diz Amanda, ex-atleta do Sport. “No Sport eu não recebia nada. Só uma ajuda de custo para pagar o transporte. Graças a Deus que tenho minha família para me sustentar. Mas tem gente que não tem condições e depende da ajuda de um e de outro para poder jogar.”