O peso das medalhas Brasil encerra o Pan em 3º, à frente de Cuba, mas os pódios não significam, necessariamente, um passo para outra conquista no Rio

Alexandre Barbosa
alexandrebarbosa.pe@dabr.com.br

Publicação: 27/07/2015 03:00

O Pan-Americano de Toronto chegou ao fim ontem, com o Brasil terminando na terceira colocação no quadro de medalhas, assim como em 2011, embora com menos medalhas de ouro, mas à frente de Cuba - o que não acontecia desde 1967. E tão logo uma polêmica levantada antes dos jogos foi levantado novamente: até que ponto medalhas obtidas no Canadá podem ser levadas em consideração numa projeção para as Olimpíadas do Rio-2016?

Primeiro, é preciso deixar claro que é preciso se guardar as devidas proporções. Jogos Olímpicos e Mundiais reúnem os melhores do mundo. Pans, os melhores do continente. Em segundo lugar, há casos e casos, não há como generalizar. Nem para levantar a importância da competição, nem para diminuí-la.
Desempenhos individuais em modalidades como atletismo e natação certamente podem ser levados em consideração. São esportes em que se mede a capacidade de cada atleta. Na competição, ele luta contra o tempo ou busca a melhor marca. E por mais que a presença de adversários fortes possa elevar o nível da prova, o resultado final na prova depende quase que 100% dele mesmo.

Diante disso, é preciso fazer uma análise fria dos resultados obtidos, juntamente com uma projeção para o Rio-2016. No caso dos esportes individuais, das marcas obtidas e do quanto elas podem ser melhoradas. Entre os coletivos, do desempenho apresentado durante a competição e a atuação contra adversários mais fortes, que serão encontrados em fases decisivas de mundiais e na Olimpíada.

A pernambucana Etiene Medeiros é um dos exemplos de desempenho no Pan que pode ser levado em consideração para o nível mundial. A marca 59s61 obtida por ela na sua principal prova, os 100m costa, foi a sétima melhor do ano, o que a coloca na disputa por algo no Mundial de natação de Kazan, a partir da próxima semana. Numa comparação olímpica, em Londres-2012 ela teria ficado em oitavo com esse tempo. Levando em conta que ela treina com foco na evolução desse tempo, as perspectivas de momento para o Rio-2016 também são otimistas.

Medalha em Mundial ou Olimpíada, porém, está distante.. Em 2015, duas atletas já nadaram na casa dos 58s - Etiene acabou de chegar aos 59s. Para se ter uma ideia, a norte-americana Natalie Coughlin, que esteve no Pan, mas não participou dos 100m costa, nadou essa prova no revezamento 100m medley e fez o tempo de 59s05, terceiro melhor do mundo. Em Londres-2012, subiram ao pódio justamente as atletas que nadaram na casa dos 58s.