As lembranças do eterno ídolo
Maior campeão da história do Sport, o ex-atacante Leonardo morreu ontem aos 41 anos
Publicação: 02/03/2016 03:00
![]() | |
Maior campeão da história do Sport, o ex-atacante Leonardo morreu ontem aos 41 anos |
Na tarde de ontem, o ex-atacante de 41 anos faleceu após complicações de um quadro de neurocisticercose, doença que tem como uma das causas o consumo de carne de porco preparada indevidamente. Foi quase um mês internado na UTI do Hospital da Restauração até que, exatamente às 15h15 do dia 1º de março de 2016, o futuro com Leonardo deixou de existir.
Recorrer ao passado foi uma reação instintiva para amigos, familiares, torcedores. A tentativa de imortalizar os gols, a velocidade, os dribles, a simplicidade de quem nunca reclamou das adversidades. Lembranças de quem dividiu os sonhos com ele desde os tempos da base do Sport, como Juninho; do “rival” Kuki, que admite tê-lo como ídolo antes de chegar ao futebol pernambucano; de Nereu Pinheiro, um dos primeiros técnicos a ver o talento do piauiense no gramado da Ilha do Retiro.
O parceiro
Juninho e Leonardo começaram juntos no Sport em 1992. O primeiro havia passado numa peneira. Leonardo já chegava como promessa. Nesse ano, ergueram o título pernambucano de juniores. Na mesma temporada, Leonardo participou do título profissional. Em 1994, a dupla comandou a conquista de mais um título estadual. Desempenho que valeu aos dois a transferência para o Vasco.
“Nós éramos muito jovens. A gente queria vingar no futebol, se firmar entre os profissionais. Leonardo foi um atacante muito rápido, mas com uma diferença para os jogadores com esse perfil. Leonardo era rápido e inteligente. Passava bem a bola, deixava os companheiros na cara do gol. E com o tempo foi ficando cada vez melhor como artilheiro. Não por acaso, se tornou o terceiro maior artilheiro da história do Sport.”
O “rival”
A lembrança que Kuki vai guardar do rival, ídolo e amigo Leonardo não está registrada em vídeo, áudio, foto. “Teve uma história inusitada: a gente atuou junto uma vez em Primavera. No fim de 2001, eu tive o prazer de jogar ao lado dele. Eu só disse para ele: ‘Você só não pode fazer mais gols do que eu’. E a gente acabou fazendo uma grande partida. Foi uma grande festa. Eu fiz três gols, ele fez dois. Então vou levar essa partida como lembrança.”
A declaração do assistente técnico do Náutico foi dada após o treino alvirrubro ontem. Permeada por lágrimas e longas pausas de silêncio, soluços de quem perdeu um dos maiores ídolos da sua carreira. Um ídolo que virou amigo. “Todo mundo sabe que sou Náutico, mas dois jogadores que eu acompanhava muito quando estava no Rio Grande do Sul eram Nildo e Leonardo. São meus ídolos, na verdade, que o futebol me proporcionou jogar contra eles, ser amigo. Hoje é um dia muito difícil.”
O técnico
Nereu Pinheiro não foi um técnico marcante na carreira de Leonardo. O contrário, sim. O treinador foi um dos primeiros do atacante em sua trajetória no Sport. Acompanhou o início da sua trajetória. Viu o atleta explodir com a camisa rubro-negra. Imaginava que isso aconteceria. “Leonardo foi um cracaço de bola. Artilheiro que corria para dentro do gol. Fora de campo uma pessoa de bom caráter, que nas horas de folga gostava de tomar sua cervejinha, mas que nunca me deu trabalho. Foi um dos grandes, um dos melhores. Lamento muito a morte dele.”
O Superesportes
As frases que abrem essa reportagem foram proferidas na redação do Superesportes na tarde de ontem. Após a notícia do falecimento de Leonardo, o breve silêncio cedeu espaço às histórias do atacante. Concluídas nas três frases. Recordações pessoais de quem, desde criança, vive o futebol num estado que ostenta o orgulho de torcer para os seus times. De ter os seus ídolos. Que nunca vão deixar de ser lembrados.
Números
367 Jogos
9 títulos (jogador com mais conquistas pelo Sport)
7 Campeonatos Pernambucanos (1992, 1994, 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000)
2 Copas do Nordeste
(1994 e 2000)
136 gols 3º maior artilheiro da história do clube (contabilizando amistosos)
1º Traçaia - 202 gols
2º Djalma Freitas - 161 gols
134 gols em competições oficiais (maior artilheiro do clube)
33 gols na Série A (maior artilheiro do Sport na competição)
16 gols na Copa do Nordeste (maior artilheiro do Sport na competição)
2 vezes artilheiro do Campeonato Pernambucano
1997 (14 gols) e 1999 (24 gols)
5 gols em um jogo, recorde de um jogador Sport na Série A, gols marcados contra o Atlético-MG, em 2000, no Mineirão
Maiores vítimas de Leonardo
Desportiva Vitória 12 gols
Porto 9 gols
Central 8 gols
Recife 8 gols
Santa Cruz 7 gols
Náutico 7 gols
Atlético-MG 6 gols
Ypiranga 4 gols
América-PE 4 gols
Saiba mais...
Velório acontece na Ilha