RIO 2016 » Flavinha e as raízes sertanejas Pai da ginasta brasileira é de Exu, no Sertão pernambucano, local que ela costuma visitar todos os anos

Ana Paula Santos
Enviada Especial

Publicação: 16/08/2016 03:00

Flávia Saraiva tinha chances de medalha na final da trave, disputada ontem, mas acabou se desequilibrando em dois momentos e terminou a competição na quinta colocação (Washington Alves/Exemplus/COB)
Flávia Saraiva tinha chances de medalha na final da trave, disputada ontem, mas acabou se desequilibrando em dois momentos e terminou a competição na quinta colocação

No Sertão pernambucano, havia uma torcida especial para a ginasta Flávia Saraiva, que competiu ontem na final da trave - terminou na quinta colocação. Pela televisão, o avô da atleta, seu Cláudio Cardoso Saraiva, acompanhou a exibição da neta. Onde? Em Exu, a 617 quilômetros do Recife. Antes mesmo de Flavinha entrar na Arena Olímpica do Rio, familiares (dos 10 tios, sete ainda residem em Exu) e vizinhos da cidade do Sertão pernambucano festejavam a façanha de sua ilustre “moradora”. De algum modo, sentiam-se representados.

Sentimento passado pelo pai da atleta, João Saraiva Ubirajara, que ontem acompanhou a apresentação da filha na Rio-2016. Ele é o elo entre Flavinha e o Sertão pernambucano. Nasceu lá. Aos 17 anos, deixou a cidade atrás de trabalho no Rio de Janeiro - onde até hoje atua no ramo de vendas. E até hoje sempre retorna ao ponto de partida em algumas épocas do ano. Junto com a filha.

Mais do que parentes, Flavinha tem, na terra de Luiz Gonzaga, um refúgio para alguns períodos de férias do ano. E lá volta a ser criança. Esquece um pouco da sua rotina puxada no Rio de Janeiro, onde treina todos os dias. “Ela adora ir para lá. Fica solta nas ruas. Anda de cavalo, pesca (mas bota os peixes de volta no açude!) e come manga verde com sal, coisa que ela adora. Ultimamente, ela tem evitado comer carne de boi. É que lá ela vê muito os bichos morrendo”, comenta João Saraiva.

Em dezembro passado, o sítio Chapada da União, residência de seu Cláudio, enfeitou-se todo para receber Flávia. Seu avô costuma fazer uma festa – chamada festa da renovação, com a presença do padre da cidade – e, neste ano, a grande estrela foi a pequena. Mais de cinco mil pessoas compareceram à fazenda para ver de perto a notável ginasta. “Era muita gente. Todos foram para essa festa que meu pai organiza, mas também queriam vê-la. Muita gente torce por ela”, explica ele, que faz uma ressalva: neste ano, ela não irá para o sítio em dezembro, nas férias de fim de ano. Uma rara exceção para realizar um sonho antigo: conhecer a Disneyword.

O pai, a mãe e o primo da ginasta no "Time Flavinha" (Ana Paula Santos/DP)
O pai, a mãe e o primo da ginasta no "Time Flavinha"
A GINASTA

Foi no Rio que João conheceu a cearense Fábia, com quem está casado há quase 20 anos. A mãe largou o mercado de trabalho para cuidar da carreira da filha. Acompanha os passos da adolescente de perto. “Ela é muito tranquila. Não dá trabalho em nada. Sai cedinho para o treino, que começa às 7h, e só retorna para casa às 20h. Ela estuda bem perto da Areninha, onde acontecem os treinos. Está concluindo o terceiro ano do ensino médio este ano”, conta Fábia, mãe também de João Júnior, de 12 anos.

A destreza de Flávia Saraiva vem encantando não somente o público brasileiro, que torceu muito quando a viu entrando na Arena Olímpica. Uma proposta dos Estados Unidos chegou ao conhecimento da mãe da atleta. “A gente só quer o bem para ela. No momento, ela tem um bom local para treinar e estamos bem instalados. Nossa intenção é que ela siga feliz e treinando onde se sente acolhida”, adiantou Fábia.