RIO 2016 » Prata para a quase perfeição Apresentação impecável do grego Eleftherios Petrounias deixou Zanetti em segundo nas argolas

Alexandre Barbosa
Enviado especial
alexandrebarbosa.pe@dabr.com.br

Publicação: 16/08/2016 03:00

Brasileiro reconheceu a superioridade atual do ginasta grego e festejou muito a sua segunda medalha olímpica (THOMAS COEX/AFP)
Brasileiro reconheceu a superioridade atual do ginasta grego e festejou muito a sua segunda medalha olímpica

O sorriso ao fim da apresentação dizia tudo. Arhur Zanetti estava satisfeito com o que tinha feito. A nota viria a seguir. Último a competir na final individual por aparelhos nas argolas, o brasileiro só esperava a confirmação da pontuação. Com ela, a cor da medalha que levaria. Sabia que, acertando sua série, o pódio era certo. Por não ter visto a prova dos adversários nem a classificação deles, ficou na expectiva de repetir o ouro olímpico, conquistado em Londres-2012. Que não veio. O grego Eleftherios Petrounias, o seu principal oponente, teve uma performance com menos erros (16,000) e ficou com o primeiro lugar. Ao brasileiro, a prata (15,766), bastante comemorada.

Não houve espaço para reclamações ou lamentações. O próprio Zanetti classificou a vitória do grego como justa, por ter acertado melhor “alguns detalhes” na execução. E realmente Eleftherios Petrounias foi praticamente perfeito. O brasileiro não cometeu nenhum grande deslize, mas não alcançou a nota do adversário. Tanto ele quanto o seu técnico, Marcos Goto, atestaram o maior nível na final desta Olimpíada em relação a Londres-2012. “Com certeza, os competidores eram mais fortes”, comentou o treinador do ginasta.

Em nenhum momento, Zanetti mostrou alguma decepção por não conseguir novamente o ouro. Repetiu o técnico, dizendo que ginástica é momento e que agora o grego está melhor que ele. Procurou valorizar a prata, conquistada em casa, em frente a amigos, parentes e toda a torcida brasileira, que mais uma vez lotou a Arena Olímpica do Rio. “(Ganhar) a prata aqui foi muito maravilhoso, por estar competindo em casa, defendendo um título, o que é muito mais difícil. Com certeza, teve um gostinho a mais”, comentou.

Aos 26 anos, Zanetti vai escrevendo história no esporte brasileiro. Se até um tempo atrás a ginástica não era sequer uma modalidade reconhecida pelo grande público, hoje torna-se um dos carros-chefe da campanha do Brasil, com três medalhas conquistadas no Rio. Para o próximo ciclo olímpico, Tóquio-2020, o ginasta é nome certo. No entanto, o que ele quer agora é descansar. “Quero estar na próxima Olimpíada, mas não é hora de pensar nisso. Falta bastante tempo ainda, não tem mais competição neste ano, o que eu mais quero agora é pegar o meu descanso, porque meu corpo e minha mente estão bastante desgastados”, disse.

A PREPARAÇÃO
Antes do início da final, Zanetti deu uma subida nas argolas para sentir o equipamento e voltou para o ginásio de aquecimento. Lá, procurou se concentrar. Disse que sentou numa cadeira, pensou em coisas boas, reviu na cabeça a sua série, preparou-se para o momento de se apresentar. Não assistiu a nenhum adversário. Queria fazer somente o dele. “Não olhei a série de ninguém. Quando fui para lá, subi nas argolas e fiz a minha rotina.”