RIO 2016 » Salto de ouro Thiago Braz fez história no Estádio Olímpico ontem ao saltar 6,03 metros no salto com vara, novo recorde olímpico, que lhe garantiu o ouro

Publicação: 16/08/2016 03:00

Até ontem à noite, o melhor salto do brasileiro havia sido 5,93m, marca superada em 10 centímetros no Engenhão (FRANCK FIFE/AFP)
Até ontem à noite, o melhor salto do brasileiro havia sido 5,93m, marca superada em 10 centímetros no Engenhão

De onde pouco se esperava, veio um ouro. Ontem à noite, o atletismo brasileiro, que chegou sem grandes expectativas de pódio na Olimpíada do Rio, rendeu a nona medalha do país nos Jogos. Dourada. Inesperada. Até para o autor da façanha. “Meu Deus, foi alto! Foi altíssimo!”, afirmou Thiago Braz da Silva, ao assistir, pela primeira vez, o que havia feito minutos antes. Na pista do Estádio Olímpico, ele saltou 6,03 metros no salto com vara. Tronou-se o novo campeão olímpico da modalidade. O dono do novo recorde olímpico.

Apontado como promessa no salto com vara, o paulista esteve entre os 10 melhores do mundo nos últimos três anos, graças a uma evolução fora do comum. Em 2015, a sua melhor marca havia sido 5,92m. Melhorou ainda mais em 2016. Bateu os 5,93m (em pista indoor) e chegou à Olimpíada confiante. Sonhava com o pódio.

Ontem, no entanto, ele sentiu que poderia ir além. Salto a salto, foi vendo os rivais caírem. Por fim, restou o francês Renaud Lavillenie, até ontem campeão olímpico, ainda recordista mundial. E que liderava a disputa. Aparentemente, caminhava para o ouro. Já havia saltado 5,98m. Nesse momento, a marca de Thiago era 5,93m. A melhor da sua carreira. Até ontem. Restava, para ele, apenas mais uma tentativa.

O francês, antes mesmo de Thiago arriscar, subiu o sarrafo para 6,03m. Tinha o ouro nas mãos. Queria também o recorde olímpico. Errou. Viu o brasileiro, em sua última tentativa, fazer o estádio explodir. Transformar a medalha de prata em ouro. O ouro, do francês, em prata. Thiago saltou 6,03m. Jogou a pressão para o francês. Renaud arriscou as suas últimas fichas num salto de 6,08m. Errou.

TÉCNICO
Por trás da evolução e medalha de Thiago, um nome conhecido da modalidade. Consagrado. O brasileiro treina na pequena Fórmia, cidade de cerca de 40 mil habitantes na costa oeste da Itália, com Vitaly Petrov. O ucraniano de 78 anos tem nada mais do que quatro campeões mundiais e, agora, três campeões olímpicos no currículo: além de Thiago, Sergey Bubka (Seul-1988) e Yelena Isinbayeva (Pequim-2008). Petrov ainda treinou a brasileira Fabiana Murer na época em que ela foi campeã mundial no salto com vara.

110m com barreiras
O público que foi ao Engenhão ontem à noite para ver as provas de atletismo presenciou uma cena incomum: prestes a cruzar a linha de chegada na prova dos 110 metros com barreiras, o brasileiro João Vitor de Oliveira tropeçou e, em um peixinho, acabou chegando à frente dos adversários. Com a situação inusitada, o corredor garantiu o quarto lugar em sua bateria e, com o tempo de 13s63, garantiu vaga na semifinal, que será realizada hoje. “Em Jogos Olímpicos e Mundiais a gente tem que fazer nosso melhor, tem que se reinventar, fazer algo novo. Quando vejo que existe a necessidade de me qualificar para o próximo tiro, existe uma oportunidade, independentemente do jeito, seja correndo pra trás, dando cambalhota, caindo, eu faço”, disse.