A sua história de vida faz de Amyr Klink, 61 anos, uma lenda da navegação marítima. Hoje, ele roda o mundo contando em concorridas palestras o que viveu nas suas 42 viagens à Antártida. Algumas delas, sozinho. Ele admite que gosta da solidão. É um sujeito tímido, que prefere ficar longe da badalação. Quando decidiu que iria trazer o seu veleiro Paratii 2 para participar da Regata Internacional Recife Fernando de Noronha (Refeno), com largada no sábado, não fez alarde. Se inscreveu como qualquer outro participante. Não procurou o Cabanga Iate Clube em busca de qualquer privilégio ou tratamento diferenciado.

Assim, Amyr Klink pegou a organização de surpresa. “Ele se inscreveu como qualquer outro barco. Quando fomos fazer o checklist dos velejadores, vimos o nome de Amyr. Foi uma surpresa”, contou o Comodoro do Cabanga, Jaime Monteiro. Essa será sua segunda vez na Refeno. Em 1993, teve a primeira experiência. Agora, está de volta ao lado de nove amigos. “Esta é uma regata que não precisa de convite para vir. Já tinha vindo uma vez. Sempre acompanhei de longe. Esse ano, quis realizar um desejo”, disse o velejador.

VELEIRO
O Paratii 2 tem 30m de comprimento, 8,5m de largura e peso que varia de 75 a 110 toneladas (cheio). Foi pensado para as viagens ao extremo Sul do planeta. Não tem nenhum peso morto em sua estrutura. Quase todo espaço é reservado para o acúmulo de óleo diesel - 33 mil litros no total. “Costumo dizer que o barco é um tanque de combustível ambulante”, brinca Amyr. Apesar da grandiosidade, pode ser conduzido facilmente por apenas uma pessoa e tem um custo operacional baixo.

Casado com Marina, e pai de três filhas, as gêmeas Tamara e Laura, de 19 anos, e Marina, de 16, Amyr confessa que teve medo de navegar com a família, mas ressalta a importância das lições do mar para suas garotas. Ano que vem, promete voltar à Refeno para apresentar Fernando de Noronha às filhas. Mas antes tem um outro plano especial para executar junto à família: uma última viagem para a Antártida.