Diario esportivo

por Fred Figueiroa
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Publicação: 01/06/2017 03:00

Fim da linha

A Copa do Brasil terminou ontem para o futebol de Pernambuco com duas eliminações merecidas - ainda que por caminhos diferentes. E era esperado que assim fosse.

Sem consequências
A disparidade técnica entre Atlético/PR e Santa Cruz colocava a classificação tricolor na conta do acaso. E, na Arena da Baixada, praticamente não houve brecha para que a equipe de Eutrópio encontrasse uma chance. Por mais consciência defensiva que tenha o Santa, do outro lado havia um sistema ofensivo com velocidade muito acima dos adversários que o time terá na Série B. A derrota incontestável em Curitiba, portanto, em nada serve de parâmetro para a continuação da temporada. O nível técnico dos adversários será outro. E - algo fundamental - o Santa também será outro.

O peso do regulamento
O regulamento da Copa do Brasil traz um erro absurdo. O encerramento das inscrições aconteceu antes da estreia de 11 dos 16 times das oitavas de final. A competição se arrastará até novembro com elencos estáticos - até mesmo defasados. Caso do Santa. O time que foi ao Paraná é uma versão enfraquecida da equipe de encara o ABC sábado no Arruda. E isso para um time de Série B, com investimento limitado, gera um dano difícil de contornar.

Na Ilha, um velho roteiro
O regulamento também colocou um Sport defasado em campo contra o Botafogo. Jogadores como Anselmo e Oswaldo são peças importantes para o atual time. E, sem eles, a atuação desfilou erros comuns do primeiro semestre. E foram erros cruciais. Que decidiram o jogo. A começar pelo sistema defensivo - não por acaso o mais vazado entre todos os clubes da Série A na temporada. Enquanto do outro lado havia um Botafogo organizado e seguro em seu sistema de marcação, sem falhas, o Sport revelava sua pior face ao recém-chegado Vanderlei Luxemburgo. E o gol carioca saiu justamente de um dos problemas crônicos. Passe errado (e desnecessário) de Durval pelo meio. Sem reação, o zagueiro ficou paralisado vendo o contra-ataque se desenhar em velocidade até o gol.

O efeito Rogério
Encorpado pela sólida campanha na Libertadores, o Botafogo é um time que joga com uma armadilha para os adversários. Ele permite uma falsa sensação de controle de jogo. Marca com as linhas recuadas e deixa a bola com o rival. Assim foi a tônica do primeiro tempo. Antes e depois do gol. O Sport tinha liberdade até a intermediária - mas a partir dali só conseguia chegar com cruzamentos na área. Reflexo também de outro problema crônico. A previsibilidade ofensiva.  Os atacantes jogam como ilhas. Luxemburgo percebeu o nó e tentou mudar o desenho com Lenis no lugar de Everton Felipe.  O problema é que, do outro lado, estava Rogério - que vive um bloqueio técnico. E, pior, perdeu a confiança e o equilíbrio. A escolha errada teve um preço alto justamente quando Marquinhos estava pronto para entrar na vaga de Rogério. Porém o atacante foi novamente expulso de forma grosseira. Repetindo o "fogo amigo" de Salvador.

As mesmas lições
Sabe o que mais impressiona? O time melhorou sem Rogério. Na base do volume. O técnico enxergou outro problema crônico: Os erros de passe. E Ronaldo talvez seja o maior símbolo desse defeito. Thalyson, mesmo afobado, conseguiu dar uma dinâmica maior. Ajudou no abafa. O gol de Durval deixou o jogo aberto até os últimos minutos, mesmo com poucas brechas cedidas pelo Botafogo. De toda forma, o empate tem lá seu peso simbólico. O time mais uma vez reagiu a uma situação adversa e foi competitivo. Muito mais do que há uma semana, contra o Bahia. E assim como vale para o Santa, a eliminação também não deixa um prejuízo concreto ao clube rubro-negro. Ficou claro que com o elenco disponível na Copa do Brasil não havia como pensar em uma campanha longa. Ficam as lições. Mais uma vez. E os defeitos ainda mais claros para corrigir.