Mobilidade urbana

Tania Passos
taniapassos.pe@dabr.com.br

Publicação: 02/07/2012 03:00

Estacionamento é problema de quem?

É preciso muita coragem do gestor público para enfrentar a questão dos estacionamentos em vias públicas. Imagine comprar briga com mais de meio milhão de usuários de automóveis, no caso do Recife. É verdade que nem todos os carros ficam na rua, mas é também verdade que, em algum momento, a rua é o espaço escolhido ou único para estacionar. Mas que essa briga pode acontecer, isso pode. É o caso, por exemplo, do nosso vizinho latino-americano, o ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, que adotou o conceito de que as ruas são para as pessoas, ciclistas, transporte público e os carros, nessa ordem. Lá, ele deu início ao fim dos estacionamentos nas vias públicas e onde havia carro estacionado, abriu espaço para as ciclovias e garantiu acessibilidade dos pedestres nas calçadas. Funcionou.

E quando perguntado sobre o espaço para estacionar o carro, ele repondeu: “Estacionamento não é um problema público”. Por trás dessa resposta está também a seguinte mensagem: o problema do estacionamento é do dono do carro e do dono dos estabelecimentos, que têm demanda de clientes motorizados. O restante do público que circula pelas vias não tem nada a ver com seu “problema”. Na verdade, o que acontece hoje é exatamente o inverso, quem atrapalha o fluxo de uma via, sem a menor cerimônia, está pouco se importando com as necessidades de mobilidade da maioria. Talvez por isso, no Japão, antes de alguém comprar um carro precisa provar que tem lugar para estacionar o veículo, que não será na rua.

Aqui temos estacionamento legalizado nas vias públicas por apenas R$ 1 e ficou a cargo do município viabilizar projetos, junto à iniciativa privada, para a construção de edifícios-garagem. Ninguém quer desagradar aos donos dos carros, que representam poder aquisitivo e de opinião, mesmo que esse universo represente cerca de 30% da população. Uma minoria, que está pouco interessada em saber de quem é a responsabilidade em deixar um lugar garantido lá na rua para seu carro.

Ouvido de mercador

É angustiante assistir ambulâncias presas nos engarrafamentos, sem conseguir nenhum milímetro de sensibilidade dos motoristas. Mesmo nos congestionamentos mais gritantes, se cada um abrir um pouco de espaço, o veículo de emergência terá mais chance de passar mais rápido. A sensação é de que o motorista que fica “surdo” ao barulho da sirene, esquece que um dia pode ser ele que precise ser socorrido.

Bicicletários

Uma solução simples que os supermercados, lojas e centros de compra do Recife ainda não acordaram foi para a necessidade de instalar bicicletários. É cada vez maior o público que usa esse tipo de veículo para se locomover. Essa semana, vi um ciclista improvisando um lugar para amarrar a bicicleta, enquanto ia fazer compras em um supermercado da Zona Sul. Poderia ser mais fácil.

Dica de trânsito

Cuidado com o farol alto no rosto dos motoristas que vem em sentido contrário a você na estrada. Ofuscados, eles podem perder a visibilidade e o controle do carro e causar um acidente. Acompanhe também como está o trânsito na sua cidade no site www.transitolivre.com e as notícias diárias pelo @transitolivrepe

“Não é que a gente tenha certeza que vai dar errado. A gente só quer ter certeza que vai dar certo”
, Vitória Andrade, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, sobre os viadutos da Agamenon Magalhães

Lentidão na pista esquerda


Eu fico me perguntanto se todo motorista “habilitado” teve a aulinha que ensina que a pista esquerda é para o tráfego rápido. Desconfio que nem todos. E pior, muitos não sabem que o sinal de luz quando eles parecem “tartarugas” é para sair da frente.