A nova identidade do Edifício JK Desativado desde 2000, prédio será um empresarial a partir do 1º semestre de 2013

Cláudia Dolores

Publicação: 04/11/2012 03:00

 (FOTOS: TERESA MAIA/DP/D.A.PRESS)

Primeiro foi a desativação no ano 2000. Depois, a tinta sobre a marca da Previdência Social que era uma espécie de tatuagem na paisagem urbana do Recife. O abandono do Edifício Juscelino Kubitschek, ou simplesmente JK, não só incomodava como aguçava a curiosidade dos recifenses. Afinal, qual seria o destino do prédio cartão-postal da cidade situado no coração da Avenida Dantas Barreto? Quatro anos após ter sido leiloado, o edifício ganhará, enfim, uma nova identidade. No 1º semestre de 2013, receberá o nome de Empresarial JK, com escritórios, bancos, praça de alimentação, espaço para eventos, mirante na cobertura e faculdades, mudando a ideia inicial de concentrar a maior parte das salas na área educacional.
A proposta de transformar a antiga sede do INSS em empresarial é do investidor paranaense Carlos Cristo Nunes, 50 anos. Foi ele quem arrematou o prédio, no dia 30 de outubro de 2008, por R$ 2,3 milhões e, desde então, vem investindo na recuperação dos seus 20 andares. Até agora, cerca de R$ 13 milhões já foram aplicados e a previsão é gastar mais R$ 7 milhões para dar a cada pavimento a infraestrutura necessária para os empreendimentos que deverão chegar. “Sou investidor e jamais poderia fazer algo para não obter lucro. Esse investimento terá retorno”, apostou o empresário, com a expertise de quem já comprou e recuperou, o prédio do antigo Bandepe, na Avenida Guararapes, onde funciona uma faculdade.

Leiloado há 3 anos, local
está sendo recuperado
pelo empresário
paranaense Carlos
Nunes. Terá bancos,
praça de alimentação
e até mirante
Leiloado há 3 anos, local está sendo recuperado pelo empresário paranaense Carlos Nunes. Terá bancos, praça de alimentação e até mirante

Vista do Recife
Uma visita ao último andar do JK ajuda a compreender o otimismo do empresário. De lá, é possível contemplar o Recife de todos os ângulos. A vista dá aos pisos superiores a vocação para receber um espaço para eventos, como shows, aniversários, casamentos e formaturas, uma praça gourmet aberta ao público e um mirante com paredes de vidro na cobertura que deve atrair, sobretudo, os turistas. Os andares intermediários seriam destinados a escritórios, associações de classe e cursos técnicos. Uma escola, inclusive, já está em funcionamento no 12º andar. Os pisos inferiores estão sendo direcionados a faculdades. Oito já estão alugados a dois grupos educacionais. Há também uma empresa de call center que pretende se instalar no prédio, além de bancos e financeiras que ocupariam a sobreloja e parte do térreo, onde já existe uma lanchonete.

O futuro
Apesar de ainda estar atraindo os empreendimentos, o investidor Carlos Nunes já vislumbrou até a dinâmica de funcionamento do futuro empresarial. De dia, terá como público alvo estudantes e trabalhadores dos escritórios, bancos e call center. À noite, será a vez do espaço de eventos funcionar. “Com isso, acredito que vamos resolver o problema da falta de estacionamento na área, já que à noite é possível parar carros sem problemas no Centro”, argumentou.

Carlos Nunes garante que o empresarial não deverá nada aos mais modernos da cidade. Para isso, promete investir em tecnologia e recursos humanos logo na recepção, que terá controle rigoroso de visitantes. Toda as instalações elétricas e hidráulicas do edifício estão sendo trocadas. Os seis elevadores são novos, rápidos e informatizados. Na fachada, quase nada vai mudar. As pastilhas em cor de gelo serão mantidas. Apenas paredes e portas de vidro transparente foram colocadas no intuito de proteger as pilastras e conservar a entrada do prédio.

> Registro histórico

A transformação do edifício JK em empresarial representa mais que a recuperação de um edifício. É uma aposta que comerciantes e frequentadores do bairro de Santo Antônio fazem de tentativa de revitalização do Centro

Ao ganhar novos usos, o JK, um dos marcos da arquitetura
moderna da capital, deverá reviver seus tempos de imponência

O projeto do imóvel data de 1956 e o alvará de habite-se foi aprovado pela Prefeitura do Recife em 12 de julho de 1961.
Segundo informações do INSS, o terreno foi adquirido antes pelo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários em novembro de 1947. Com o tempo, surgiu o INPS que, por fim, tornou-se INSS

Antes de ser desativado, o JK abrigava cerca de 500 servidores do INSS do térreo ao 14º andar e mais 600 trabalhadores do antigo Inamps nos demais pisos