Passageiros do Grande Recife relatam problemas nas paradas de ônibus Falta de estrutura piora ainda mais a experiências dos usuários do transporte público da Região Metropolitana, que sentem falta de conforto e orientações

Adelmo Lucena

Publicação: 29/04/2024 03:00

As esperas são longas, cansativas, muitas vezes debaixo de um calor ardente ou de chuva e sem local para sentar nas paradas de ônibus. Os usuários de transporte público da Região Metropolitana do Recife passam diariamente por diversas dificuldades para embarcar para os seus destinos por conta da baixa infraestrutura ofertada pela empresa responsável por administrar esses equipamentos.

O ponto de ônibus é definido pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) como um local na via onde o transporte público deve parar para que os usuários embarquem e desembarquem. Esses locais devem ter características que estão relacionadas com a sua localização e precisam atender às demandas de acessibilidade dos passageiros.

Geralmente, os pontos são inseridos em grandes centros urbanos, cruzamentos e os principais corredores viários da cidade. Para o passageiro, o cenário ideal é contar com um ponto mais próximo possível do seu destino. A distância recomendada entre as paradas deve levar em conta que o passageiro faça uma caminhada de, no máximo, 500 metros, mas é comum utilizar o espaçamento de 300 metros.

As paradas são a principal porta de acesso aos sistemas de transporte público, pois são nelas onde os passageiros podem verificar o melhor itinerário, se proteger da chuva e do sol e até mesmo conversar com algum conhecido. Atualmente, boa parte da conexão entre os usuários dos ônibus do Grande Recife é feita através das reclamações sobre a demora dos veículos e a precariedade do sistema como um todo, incluindo os pontos de ônibus.

Embora as paradas sejam tão importantes quanto o transporte, estes locais estão, em sua maioria, depredados, com estrutura danificada pelo tempo, sem bancos, lixeiras, iluminação e até mesmo sem informações sobre as linhas que passam pela via.

De acordo com o Consórcio Grande Recife, no Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) existem 6.667 pontos de embarque e desembarque (PED’s) nas ruas da Região Metropolitana do Recife. São 2.899 PED’s com proteção solar e 608 com assentos.

A equipe do Diario percorreu por algumas das principais vias do Recife em horário de pico para analisar o cenário atual das paradas de ônibus e saber a opinião dos usuários. Justamente neste dia, 18 de abril, a Linha Sul do Metrô do Recife estava paralisada por um problema na parte elétrica. O problema ocasionou uma superlotação nas paradas de ônibus e, consequentemente, nos transportes.

O panorama era de pessoas aguardando os ônibus em pé, os bancos ocupados com bolsas e mochilas pesadas e vários ônibus passando direto por conta da superlotação. Um dos usuários do transporte público que estava aguardando o ônibus em pé com as duas filhas foi o administrador Adriano Teixeira, de 37 anos, que decidiu não embarcar no primeiro coletivo lotado que passasse, apesar de já estar aguardando há um bom tempo.

“Pego três ônibus por dia e passo um bom tempo nas paradas que não têm estrutura muito boa. Tem algumas com assentos e cobertas, mas o volume de pessoas é tão grande que nem sempre adianta. Além disso, algumas paradas são tiradas, como a  que ficava em frente ao restaurante Ponteio. Outra coisa é que elas deveriam ter os itinerários”, relatou.

Outro usuário que estava também aguardando o ônibus em pé foi o técnico em eletrônica Gilberto Leandro, de 58 anos, que iria para casa assim que um ônibus mais livre parasse.

“Pego dois ônibus por dia da linha Jardim Piedade. Mesmo se as paradas tivessem muitas cadeiras não daria para sentar por conta da quantidade de pessoas. As cobertas podiam melhorar porque os bancos não são confortáveis e elas não protegem tanto da chuva”, relatou.

Para garantir mais conforto e segurança para os usuários de ônibus na RMR, o Consórcio Grande Recife realizou um contrato de concessão das paradas de ônibus para a empresa Kallas para que sejam requalificados 3.650 equipamentos

Segundo o consórcio, os 14 municípios da RMR serão contemplados, porém os pontos estão em sua grande maioria distribuídos no Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista, que representam 72,77% das paradas. O consórcio ainda destaca que o contrato de concessão não gera custo ao Estado, pois a concessionária paga uma outorga variável para o direito de uso do local, e fornece os equipamentos, faz a implantação e manutenção por 20 anos.