Anamaria Nascimento
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Publicação: 13/04/2014 03:00
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Um dos reflexos da mudança é o aumento do número de simulados preparatórios |
Escolas aumentando o número de simulados preparatórios para o Enem e estudantes deixando os cursinhos de matérias isoladas. Os efeitos do fim do tradicional vestibular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) já começam a ser sentidos nas unidades de ensino do estado. Desde que a principal instituição de ensino superior do estado optou pela adesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação (MEC), há dez dias, o Exame Nacional do Ensino Médio passou a ter peso ainda maior nas práticas curriculares das escolas. No último vestibular, a Federal ofereceu 6,6 mil vagas.
A prova nacional começou a ser aplicada em 1998 pelo Ministério da Educação, mas o impacto na rotina das escolas de Pernambuco só veio mais de 10 anos depois, em 2009, quando a UFPE passou a usá-la como primeira fase do processo seletivo. Como o Enem representava 50% da nota do vestibular, ocupava pelo menos metade do calendário escolar. Agora, quase todo o conteúdo programático é voltado ao teste. Só o vestibular da Universidade de Pernambuco (UPE) mantém a segunda fase com questões de disciplinas específicas.
Com a adesão ao Enem, as escolas estão mais interdisciplinares e competitivas. No Colégio Motivo, que já dá ênfase ao exame nacional há pelo menos cinco anos, os estudantes passaram a ter oito simulados do Enem este ano. Em 2013, eram seis. Os dois simulados voltados à segunda fase deixaram de ser aplicados. “As escolas mais antenadas já trabalhavam com o Enem há muito tempo. O que muda é que agora podemos dar maior carga ao exame, que exige, além de conhecimento, outras habilidades”, pontua o supervisor de ensino médio do Motivo, Sérgio Ribeiro. Saber responder a prova a tempo e ter controle emocional são habilidades necessárias. “Aplicamos os simulados do Enem à tarde, exatamente na mesma hora que o exame acontece. Fazemos uma reprodução fiel do dia da prova”.
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Fora do cursinho de biologia
A estudante Giovanna Brito, 17 anos, quer ser médica. Sabe que para passar no concorrido curso precisa de disciplina na hora de estudar. Com a adesão da UFPE ao Sisu, deixou o cursinho em biologia, que, antes, era uma disciplina específica de medicina. “No Enem, as disciplinas são interligadas e contextualizadas. Vou continuar no cursinho de química e penso em entrar numa isolada de linguagens e matemática, que passaram a ser mais importantes”, conta.
Consulta às velhas provas
Cursando o segundo ano do ensino médio, Matheus Casé, 16, não chegou a conhecer o vestibular da UFPE. “Esperávamos que a segunda fase acabasse. Por isso, sempre dei maior ênfase ao Enem quando estudo”, revela. As provas das edições anteriores da UFPE, no entanto, continuarão sendo consultadas pelo estudante na hora de revisar conteúdos. “São questões que exigem outro tipo de conhecimento, mas que ampliam a variedade na hora de estudar”, justifica.
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O horário de estudos de João Afonso Castello, 17, teve que ser reorganizado desde o último dia 3, quando o Conselho Coordenador de Ensino, Pesquisa e Extensão (CCEPE) da UFPE votou pela adesão ao Sisu. “Não vou mais fazer matérias isoladas. O Enem exige uma visão mais global dos assuntos. Agora, estou estudando as disciplinas de humanas, saúde e exatas com o mesmo peso”, afirma o estudante que pretende cursar cinema.
Saiba mais
O que mudou com a adesão ao Sisu:
1. Enem
Antes:
A primeira fase do vestibular da UFPE correspondia ao Exame Nacional do Ensino Médio. A pontuação obtida na redação do Enem também era usada para compôr a nota da segunda fase.
AGORA:
Candidatos que fazem o Enem e alcançam nota acima a zero na redação podem concorrer. A UFPE pode adotar notas mínimas para inscrição em certos cursos. Caso o candidato não tenha pontuação necessária, o sistema emite mensagem informando.
2. A seleção
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Além do Enem, o candidato precisava fazer as provas de
2ª fase com questões de V ou F.
A 2ª etapa era feita pela Covest. Os feras tinham duas questões discursivas de português 1 e duas provas de matérias específicas.
AGORA:
Sisu seleciona automaticamente os candidatos com melhor classificação em cada curso, segundo as notas no Enem e possíveis ponderações, como pesos e bônus. Os candidatos são selecionados dentro do número de vagas ofertadas em cada curso.
3. O resultado
Antes:
Depois de fazer o Enem e as provas da segunda fase da UFPE, os candidatos esperavam cerca de um mês para saber se tinham sido aprovados. A relação era afixada na sede da Covest, no Derby, e divulgada na internet.
AGORA:
O estudante pode consultar a classificação parcial, calculada a partir das notas dos candidatos inscritos na mesma opção de curso e instituição. São quatro dias para efetuar a inscrição. Três dias depois, o Sisu divulga a lista de selecionados.