Famílias da Muribeca vivem novo drama Moradores tiveram que sair às pressas de seus lares, que serão demolidos e reconstruídos no conjunto habitacional em Jaboatão

Publicação: 23/07/2014 03:00

Severina do Carmo de Lima teve que deixar seu %u201Cpuxadinho" e ir para a casa da sobrinha, em Jardim Muribeca
Severina do Carmo de Lima teve que deixar seu %u201Cpuxadinho" e ir para a casa da sobrinha, em Jardim Muribeca
Em nove anos, a dona de casa Severina do Carmo de Lima, 61, foi obrigada a sair às pressas de casa, no Conjunto Residencial Muribeca, em Jaboatão, duas vezes. Na primeira, a moradora do apartamento 402 do bloco 129, quadra 2, foi embora com a roupa do corpo quando apareceram rachaduras. Ontem, se mudou outra vez do “puxadinho” onde mora, construído na frente do edifício, para a casa da sobrinha, em Jardim Muribeca, após receber ordem de desocupação da Defesa Civil.

“Há três dias não durmo direito. A prefeitura veio na sexta-feira e nos deu 72 horas para sair. Eu recebo R$ 600 de aluguel, mas uso para comprar remédios para meu marido”. O ultimato a Severina e outras 30 famílias que moram em construções irregulares permitirá que a demolição e a reconstrução dos blocos 129 e 155 sejam iniciadas hoje, às 9h. A reforma resulta de ordem judicial emitida em fevereiro deste ano pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, que também determinou à Caixa Econômica Federal e Caixa Seguradora S/A o pagamento de R$ 4,8 mil de indenização por danos morais às famílias dos 69 prédios do conjunto.

Alguns moradores não aceitaram sair de suas casas sem a garantia de uma indenização. A aposentada Zenira Lopes Bandeira, 73 anos, mora com outras três pessoas em um “puxadinho” desde 2009 e disse que não tem para onde ir. Eles vão se reunir hoje na Associação de Moradores para definir soluções. “Eu recebo contas de luz e água. Quer dizer que na hora de pagar, eu tenho residência, mas na hora de indenizar eu sou invasora?”, questionou a moradora, Marli Vieira, 47 anos.

De acordo com o assessor técnico da secretaria de Ordem Pública e Segurança Cidadã, Luiz Gonzaga Dutra, os moradores não têm nenhum título de legalidade, como uma escritura dos imóveis, e por isso não teriam direito a idenização. “Se eles acham que têm direitos, devem procurar a Justiça. Se o Judiciário mandasse parar a obra, ela seria interrompida.”