Antes de fazer tatuagem, exija o licenciamento No Recife, só cinco estúdios são autorizados pela Vigilância Sanitária. Muitos tatuadores não cumprem recomendações fundamentais à saúde

Maira Baracho
urbana.pe@dabr.com.br

Publicação: 31/08/2014 03:00

O tatuador Henrique Brandão ressalta a necessidade de seguir as recomendações do órgão responsável (BERNARDO DANTAS/DP/D.A PRESS)
O tatuador Henrique Brandão ressalta a necessidade de seguir as recomendações do órgão responsável
Numa das avenidas mais movimentadas do Recife, a Conde da Boa Vista, dezenas de tatuadores se dividem entre as pequenas salas de edifícios antigos da região. Em outros bairros, estúdios funcionam em shoppings e salões de beleza. Desconhecidos pela Vigilância Sanitária (Visa), muitos não cumprem as recomendações de higiene. São potenciais focos de contaminações de doenças de pele, infecciosas, de pele, e oferecem risco à saúde pública.

No Recife, apenas cinco estúdios são licenciados e seguem as determinações do órgão, da limpeza e manutenção do ambiente ao uso de materiais descartáveis e tintas autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Para a Visa, o trabalho de rastrear e visitar estes espaços é um desafio, porque os estúdios sempre mudam de lugar.

“Temos dificuldade de localizá-los porque, quando chegamos a um prédio, eles se comunicam e fecham antes”, explicou Rozimare Sales, assistente de serviços de saúde da Visa.

Aos que procuram por este serviço, o órgão recomenda que redobrem a atenção quanto às condições do ambiente e que se informem antes de se submeter ao procedimento. “O vírus da hepatite, por exemplo, é muito resistente. Ele permanece numa superfície na qual você não fez a limpeza por muito tempo. Fora o risco das infecções de pele e até sífilis.”

O músico Fabrício Felipe, 31 anos, sofreu na pele as consequências de um material de qualidade imprópria. Há seis anos, ao utilizar uma tinta que posteriormente foi proibida pela Anvisa, ele ficou com um ferimento grave, que chegou a necrosar. “A química deu reação em várias pessoas. Como eu fechei a perna com o desenho, o ferimento ficou enorme e eu procurei um dermatologista. Hoje tenho o maior cuidado com a tinta, porque poderia ter acontecido algo ainda mais grave”, relata.

Um dos únicos licenciados no Recife, Henrique Brandão nunca relaxa quando o assunto é saúde. “Cuidar bem do cliente é um espelho para nós mesmos”, diz. “Cuidando da saúde dele eu cuido da minha própria imagem e da minha saúde também”, afirma.

Para assegurar a saúde do cliente, Brandão não abre mão de seguir à risca as recomendações da Visa. “Todo o material é descartável. Também uso todo os equipamentos de segurança: luvas, máscaras e óculos, que atendem aos requisitos da biosegurança”, declarou. Um autoclave estereliza biqueiras que eventualmente não são descartáveis. Todos os cuidados refletem no preço final do serviço.

Saiba mais

Recomendações da Visa

O tatuador

Luva

Óculos

Máscara

Estrutura e ambiente

O estúdio precisa ser limpo, livre de mofo, infiltração e sujeira

O mobiliário precisa estar limpo e não pode estar quebrado

Recepções precisam ser ventiladas, não pode ser abafado

Sanitário ao público, identificado, com toalha de papel e sabonete líquido fixados na parede, com lixeiras revestidas com plástico, fechadas e acionadas por pedal

Sala de procedimentos

Maca higienizada com álcool a 70%

Tintas autorizadas pela Anvisa

Agulhas e biqueiras descartáveis

Esterilização de biqueiras não descartáveis

Material perfurocortante e contaminado deve ser recolhido por uma empresa específica para evitar contaminação do ambiente

Vigilância Sanitária primeiro semestre deste ano


18 estúdios

foram inspecionados

5 autos

de infração e

5 termos

de notificação foram emitidos

1 estúdio
foi interditado