Grupo de corrida se exercita no início da manhã na Praia de Boa Viagem: nesta hora a cidade é %u201Ctoda%u201D deles

O crescimento do interesse dos recifenses pelas corridas de rua revela a pouca estrutura da cidade para a atividade. A falta de espaços públicos adequados, de segurança, e as más condições das calçadas são os principais obstáculos para quem escolheu correr para melhorar a qualidade de vida. A solução para muitos é praticar a atividade de madrugada, antes de os carros saírem das garagens.

Quatro anos antes do boom das corridas em 2012, o educador físico Alexandre Gomes, o Leguito, 45, sentiu uma necessidade pessoal de correr fora da esteira durante o treino, mas não encontrava locais públicos satisfatórios para isso. “No Recife, todos os olhos se voltam para o Parque da Jaqueira. O local não comporta a grande demanda e muita gente utiliza a pista errada. Lesões são comuns num cenário em que corremos mudando de ritmo e ziguezagueando”, explicou.

Leguito achou que a solução estava nas ruas do Recife. Contudo, a má conservação e o desnível das calçadas eram um obstáculo sério. Já o asfalto oferecia o perigo de atropelamentos. Junto com cinco alunos - todos com mais de 50 anos -, Leguito começou a acordar às três horas da manhã e partir para pontos da cidade onde pudesse correr com segurança.

O grupo conta hoje com 35 corredores da madrugada, de idades e ocupações diversas. As motivações e os objetivos dos participantes também são diferentes. O ortopedista Carlos Romeiro, 36, por exemplo, encontrou um estímulo a mais para viajar com a esposa. “Já corremos na França, na Argentina, no Rio, em Florianópolis, em São Paulo, sempre atentos à diferença da estrutura dos lugares em relação ao Recife. Seja o Parque Ibirapuera, ou no Sena, as cidades têm espaços para caminhar”, disse.

Conhecer e ocupar a cidade também são as vantagens das corridas de rua. O roteiro dos treinos na rua pode ser qualquer um - das ladeiras do Varadouro, em Olinda, ao bairro de Dois Irmãos. “Evitamos apenas locais como a Lagoa do Araçá, Parque de Santanna e a Avenida Maurício de Nassau, na Iputinga, que são perigosos quando não está claro”, afirmou o professor.

O grupo tem iniciantes, intermediários e avançados. “À medida em que vão melhorando, vão sendo mais exigidos”, afirma o instrutor. O nível mais alto do grupo é da pentatleta Yane Marques, medalha de bronze na Olimpíada de Londres 2012. Treinada por Leguito, ela também corre com o grupo da madrugada.