Dad Squarisi
dad.squarisi@correioweb.com.br
Publicação: 01/02/2016 03:00
A cobertura da discórdia
De quem é? O apartamento de três andares fica no Guarujá. A polícia diz que o imóvel pertence à família Lula da Silva. O advogado do ex-presidente contesta.
E daí? Enquanto a investigação avança, pintou uma questão pra lá de prosaica. Ela não tem nada a ver com propinas e negociatas. Mas com a língua nossa de todos os dias.
Trata-se da grafia de palavra que entrou no noticiário com força total. Triplex ou tríplex? O Houaiss registra as duas formas. O Aurélio, só a acentuada. Com grampinho ou sem grampinho, a pronúncia coincide.
A sílaba tônica é a última. Estranho? É. A irregularidade merece observação no dicionário.
A CoMesmo time
Duplex ou dúplex? O humilde duplo joga no time do suntuoso triplo. Com eles, os dicionários se comportam do mesmo jeitinho. O Houaiss admite as duas formas. O Aurélio, só uma. A pronúncia? Como diz o outro, a voz do povo é a voz de Deus. Se todo mundo diz duplex (oxítona), vale duplex.
Reação
A história do tríplex (ou triplex) rendeu. Além de notícias em jornais, rádios, tevês e internet, mereceu resposta da presidente. Mas... ela mirou a acusação e acertou a língua. “Se levanta insinuações, se levanta acusações. Sem provar”, disse Sua Excelência. “Cadê a concordância”, perguntaram goianos, baianos e pernambucanos. “O gato comeu”, respondeu a moçada da Pátria Educadora.
A voz passiva sintética é eterna cilada. Pega o bobo na casca do ovo. Pra escapar, há uma saída simples como andar pra frente. Basta construir a frase com o verbo ser. Se ele se flexionar no singular, o verbo da passiva vai para o singular. Se no plural, idem. Compare:
Se levanta insinuação. Insinuação é levantada.
Se levantam insinuações. Insinuações são levantadas.
Se levanta acusação. Acusação é levantada.
Se levantam acusações. Acusações são levantadas.
Anúncios
A passiva sintética deita e rola nos anúncios. Ela obedece à regra da concordância. Sujeito no singular, verbo no singular. Sujeito no plural, verbo no plural: Vende-se esta casa. (Esta casa é vendida.) Alugam-se apartamentos em Maceió. (Apartamentos são alugados em Maceió.) Compram-se carros usados. (Carros usados são comprados.) Oferece-se curso de português. (Curso de português é oferecido.) Reformam-se roupas. (Roupas são reformadas.) Simples assim.
Água parada apodrece
“Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito” - (Martin Luther King)
Coisa de rico
O Distrito Federal vive tempos de vacas magras. Falta dinheiro até pra remédios. Pegou mal, por isso, a compra de motos BMW para o Detran. Cada uma custa quase R$ 50 mil. A notícia indignou a população. Desgastado, o governador mandou suspender a gastança. Mas a questão não morreu. Leitores levantaram a dúvida. Quando usar motoqueiro, motoboy ou motociclista? As três formas têm um ponto comum. São pessoas que pilotam moto. Mas há diferenças no uso.
Motoqueiro é meio pejorativo. Dá ideia de certa malandragem, de quem não tem coisa séria a fazer. Motoboy é quem usa a moto pra fazer entregas. Entrega pizza, remédio, encomendas. Motociclista é quem pega a moto pra dar uma voltinha, viajar ou trabalhar - sem ser pra entrega. Os agentes do Detran são motociclistas.
Leitor pergunta
Na quinta, acordei cedo. Liguei a tevê. Estava no ar notícia de apreensão de aves silvestres. O repórter, depois de mostrar gaiolas e gaiolas cheias de passarinhos, informou sobre a ação policial. “A apreensão foi feita perto de 6h”, informou. Ops! Fiquei assustada. Será que roubaram o artigo das horas?
Mari Cardoso, Brasília
Não, Mari. O artigo continua firme e forte: A aula começou às 8h. Vou à missa das 10h. Trabalho das 14h às 18h. Almoçamos ao meio-dia. A apreensão foi feita perto das 6h.
Recado
“Escute cem vezes. Reflita mil vezes. Fale uma vez”. Provérbio turco
De quem é? O apartamento de três andares fica no Guarujá. A polícia diz que o imóvel pertence à família Lula da Silva. O advogado do ex-presidente contesta.
E daí? Enquanto a investigação avança, pintou uma questão pra lá de prosaica. Ela não tem nada a ver com propinas e negociatas. Mas com a língua nossa de todos os dias.
Trata-se da grafia de palavra que entrou no noticiário com força total. Triplex ou tríplex? O Houaiss registra as duas formas. O Aurélio, só a acentuada. Com grampinho ou sem grampinho, a pronúncia coincide.
A sílaba tônica é a última. Estranho? É. A irregularidade merece observação no dicionário.
A CoMesmo time
Duplex ou dúplex? O humilde duplo joga no time do suntuoso triplo. Com eles, os dicionários se comportam do mesmo jeitinho. O Houaiss admite as duas formas. O Aurélio, só uma. A pronúncia? Como diz o outro, a voz do povo é a voz de Deus. Se todo mundo diz duplex (oxítona), vale duplex.
Reação
A história do tríplex (ou triplex) rendeu. Além de notícias em jornais, rádios, tevês e internet, mereceu resposta da presidente. Mas... ela mirou a acusação e acertou a língua. “Se levanta insinuações, se levanta acusações. Sem provar”, disse Sua Excelência. “Cadê a concordância”, perguntaram goianos, baianos e pernambucanos. “O gato comeu”, respondeu a moçada da Pátria Educadora.
A voz passiva sintética é eterna cilada. Pega o bobo na casca do ovo. Pra escapar, há uma saída simples como andar pra frente. Basta construir a frase com o verbo ser. Se ele se flexionar no singular, o verbo da passiva vai para o singular. Se no plural, idem. Compare:
Se levanta insinuação. Insinuação é levantada.
Se levantam insinuações. Insinuações são levantadas.
Se levanta acusação. Acusação é levantada.
Se levantam acusações. Acusações são levantadas.
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A passiva sintética deita e rola nos anúncios. Ela obedece à regra da concordância. Sujeito no singular, verbo no singular. Sujeito no plural, verbo no plural: Vende-se esta casa. (Esta casa é vendida.) Alugam-se apartamentos em Maceió. (Apartamentos são alugados em Maceió.) Compram-se carros usados. (Carros usados são comprados.) Oferece-se curso de português. (Curso de português é oferecido.) Reformam-se roupas. (Roupas são reformadas.) Simples assim.
Água parada apodrece
“Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito” - (Martin Luther King)
Coisa de rico
O Distrito Federal vive tempos de vacas magras. Falta dinheiro até pra remédios. Pegou mal, por isso, a compra de motos BMW para o Detran. Cada uma custa quase R$ 50 mil. A notícia indignou a população. Desgastado, o governador mandou suspender a gastança. Mas a questão não morreu. Leitores levantaram a dúvida. Quando usar motoqueiro, motoboy ou motociclista? As três formas têm um ponto comum. São pessoas que pilotam moto. Mas há diferenças no uso.
Motoqueiro é meio pejorativo. Dá ideia de certa malandragem, de quem não tem coisa séria a fazer. Motoboy é quem usa a moto pra fazer entregas. Entrega pizza, remédio, encomendas. Motociclista é quem pega a moto pra dar uma voltinha, viajar ou trabalhar - sem ser pra entrega. Os agentes do Detran são motociclistas.
Leitor pergunta
Na quinta, acordei cedo. Liguei a tevê. Estava no ar notícia de apreensão de aves silvestres. O repórter, depois de mostrar gaiolas e gaiolas cheias de passarinhos, informou sobre a ação policial. “A apreensão foi feita perto de 6h”, informou. Ops! Fiquei assustada. Será que roubaram o artigo das horas?
Mari Cardoso, Brasília
Não, Mari. O artigo continua firme e forte: A aula começou às 8h. Vou à missa das 10h. Trabalho das 14h às 18h. Almoçamos ao meio-dia. A apreensão foi feita perto das 6h.
Recado
“Escute cem vezes. Reflita mil vezes. Fale uma vez”. Provérbio turco