Pesquisa sobre a Funase será apresentada hoje
Pesquisadores visitaram dez unidades na RMR em 2012 e encontraram adolescentes sem estudar
Publicação: 16/03/2016 03:00
Funase diz que agora contratou professores com perfil para ensinar adolescentes |
Para a pesquisadora Ronidalva Melo, na ocasião faltava na Funase um objetivo educacional a ser alcançado junto aos adolescentes internados e essa situação comprometia o resultado final. A disciplina, diz ela, é essencial para a educação, para viver em sociedade. E para isso é preciso rotina. “A educação oferecida não é para a cidadania. A educação não é só a prática de um esporte. É um conjunto de coisas que faz alguém se tornar cidadão. A educação nesses espaços deveria ser baseada exaustivamente nos direitos humanos, na ética, no respeito”.
A pesquisa foi realizada há quatro anos, mas, na opinião dos pesquisadores, é muito atual. “O documento serve como parâmetro para analisarmos as condições atuais. Se melhorou, se piorou”, destacou Augusto Amorim, da equipe de pesquisadores. Durante as visitas, a presença de policiais militares nas unidades também foi criticada. Quanto aos agentes, o relatório de visita aponta que, na época da entrevista, eles eram terceirizados e, por isso, não tinham uma formação adequada para lidar especificamente com jovens infratores. As visitas foram filmadas e fotografadas. Na unidade de Abreu e Lima, os pesquisadores flagraram a cela 12, onde ficavam confinados jovens ameaçados de morte. Travestis também costumam ser isoladas para evitar os abusos.
Segundo a direção da Funase, nos últimos quatro anos as unidades passaram por mudanças. O estado, por exemplo, selecionou professores com um perfil diferenciado para atuarem junto aos adolescentes em conflito com a lei e preparou, também, uma proposta pedagógica junto aos meninos e meninas que inclui o tema direitos humanos nas aulas. “Os professores recebem uma gratificação pelo trabalho. Em Jaboatão e Petrolina, por exemplo, 100% dos internos participam das aulas”, afirmou Nadja Alencar, da Política de Atendimento da Funase.
Outra mudança se refere aos agentes socioeducativos, que hoje são escolhidos a partir de seleção simplificada promovida pelo governo do estado. Todos passam por capacitação antes de assumirem a função. A presença da PM, diz Nadja Alencar, só é solicitada em casos de tumulto nas unidades. “Hoje todos os diretores também são civis”, afirmou. Quanto à superlotação, a Funase afirmou ter construído novas unidades desde 2012. O excesso de internos, no entanto, ainda existe. São 1.139 vagas para abrigar 1.584 adolescentes.