Piranhas levam temor a banhistas no Velho Chico Moradores de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) relataram alguns ataques do peixe no Rio São Francisco

Publicação: 14/04/2016 03:00

Ataques ocorrem mais próximos à vegetação das margens, onde elas escondem ovos (JULIO JACOBINA/DP)
Ataques ocorrem mais próximos à vegetação das margens, onde elas escondem ovos
Registro de ataques de piranhas no Sertão do São Francsico assustou moradores de Petrolina nas últimas semanas. Especialistas afirmam que ataques são incomuns, com registros apenas de fevereiro a maio, época de desova da piranha branca. O ataque, no entanto, não tem fins de alimentação, mas de proteção de ovos e filhotes de possíveis predadores maiores.

No início de abril, a dona de casa Joseane Silva tomava banho no rio com algumas amigas quando sofreu um ataque. “Minha amiga se aproximava com o filho pequeno. Eu estava com a água, mais ou menos, na altura da coxa e mexendo a mão. Quando ela ia sentar com o menino, senti a mordida num dedo da mão esquerda”, conta. Desesperada, Joseane relata ter buscado ajuda. “Depois de amarrar o dedo mordido para estancar o sangue, fui num hospital. Dava para ver o osso pelo ferimento”, lembra. Moradora do bairro de São Geraldo, em Juazeiro do Norte (BA), a dona de casa aguarda a cirurgia de enxerto de pele. “Onde moro, mais dois vizinhos foram atacados”, garante.

O biólogo Augusto Bentinho, do Centro de Manejo de Fauna da Caatinga da Universidade Federal do Vale do São Francisco, esclarece que os ataques não são comuns. “Acontece uma ou duas vezes no ano, no período em que há alteração da coloração da água, que passa do verde a um amarelo escuro, por causa das chuvas”, explica. Quando percebem a mudança, os peixes sabem que é hora de fazer a desova. “Não temos certeza do porquê, mas o fato é que eles procuram as margens onde há vegetação, por serem áreas mais protegidas dos predadores”, diz.

As piranhas jovens alimentam-se de camarões e insetos, enquanto as adultas preferem peixes menores. Carne humana, portanto, não faz parte do “cardápio”. “O normal são duas ou menos mordidas, para assustar, fazer a pessoa sair de perto dos ovos. A finalidade é cuidar dos filhotes. A mordida também não libera nenhuma substância tóxica”, esclarece o biólogo que alega ser possível conviver com os animais, evitando áreas com vegetação. 
O Corpo de Bombeiros, no entanto, recomenda evitar banhos na região durante o período do outono.

Piranha branca

Espécie: Serrasalmus brandti
Nativa do Brasil: Bacia do São Francisco
Tamanho: Entre 25 cm e 30 cm
Alimentação: Carne de peixes, moluscos e outros invertebrados
Expectativa de vida: Até 5 anos
Espessura dos dentes das adultas: 1,5 cm