O índio que deu força aos portugueses Felipe Camarão é um exemplo da importância dos nativos como aliados dos lusitanos contra os holandeses. Muitos se converteram ao catolicismo

Publicação: 08/05/2016 03:00

Um dos grandes aliados dos portugueses nas batalhas contra os holandeses era índio. O potiguar Antônio Felipe Camarão, que nasceu em uma aldeia do Rio Grande do Norte, atraía o povo indígena para o lado português da guerra. Quando nasceu, o bravo guerreiro ganhou o nome de Poti, que significa “camarão”. Convertido ao catolicismo, foi batizado como Antônio. Ganhou o nome do meio em homenagem ao rei espanhol Felipe III.
Os detalhes da história do capitão-mor dos índios do Brasil poderão ser lidos na edição de amanhã, na nona reportagem do projeto Pernambuco, História & Personagens, que o Diario de Pernambuco publica semanalmente em parceria com o governo do estado.
Quando os holandeses chegaram, Poti chefiou com bravura os índios engajados nas tropas luso-espanholas, sempre ao lado da mulher, Clara Camarão, tão guerreira quanto ele. Desempenhou, também, um importante papel político, num tempo em que os indígenas ainda formavam grande parte da população brasileira.
Segundo o próprio Felipe Camarão, os índios eram soldados “precipitados, inquietos e sem fleuma”. Ou seja, querendo lutar, lutavam; se não, desertavam sem constrangimento. Tampouco tinham disciplina, correndo à vontade de um lado para outro, nos combates. “É coisa estranha de se ver dois ou três mil homens nus flechando uns aos outros, com grandes assobios e gritos”, escreveu o historiador português Pero de Gândavo.
Por ser aliado dos portugueses, Felipe Camarão foi obrigado a deixar Pernambuco e partir para a Bahia com a chegada de Maurício de Nassau, em 1637. Ficou em terras baianas por sete anos, quando recebeu a notícia de que Nassau havia retornado à Europa. Sem o conde - o único em condições de manter a paz no Brasil Holandês - a rebelião dos pernambucanos era dada como certa. Ele voltou, então, pronto para uma nova guerra. Regressando da Bahia, participou de inúmeros combates e ajudou a manter os holandeses encurralados, mais uma vez, sem poder por os pés fora do Recife.
Exatamente como fizera anos atrás, na “guerra velha”. Em 2012, Felipe Camarão teve seu nome assentado no Livro de aço, que está no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília, ao lado de outros combatentes da Restauração.

conhecimento
O projeto Pernambuco, História & Personagens tem como objetivo fomentar o conhecimento do pernambucano sobre a própria história. Os textos destacam personagens ligados ao bicentenário da Revolução de 1817, que será comemorado no próximo ano. Ao todo, serão 52 fascículos. Em 2017, as publicações poderão ser trocadas por uma produção encadernada. A coordenação do material é do jornalista e escritor Paulo Santos.