Pedestre será prioridade de novo plano
Plano de Mobilidade do Recife será enviado à Câmara no próximo semestre. Uma das suas prerrogativas é propor soluções para problemas das calçadas
Anamaria Nascimento
anamarianascimento.pe@dabr.com.br
Publicação: 27/05/2016 03:00
Rua da Hora é uma das que devem receber ações para permitir compartilhamento dos modais com pedestres |
Conhecida por ser o polo gastronômico da Zona Norte do Recife, a rua tem as características necessárias para a criação de um projeto de priorização dos pedestres: é arborizada e tem vários pontos comerciais em toda a extensão. “Ela tem os atributos das vias que vamos priorizar para serem pedestrianizadas. As ruas Afonso Pena, nos arredores da Universidade Católica (de Pernambuco), e do Futuro também têm potencial para um projeto piloto nesse sentido”, afirmou o presidente do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira, João Domingos.
Para as vias que receberão ações especiais para privilegiar os pedestres, o plano prevê a padronização de calçadas, a instalação de “martelos urbanos” (redesenho das esquinas ampliando a calçada para cima das áreas zebradas) e a priorização de veículos não motorizados. “Estamos fazendo um mapeamento nas principais vias da cidade para saber como podemos melhorar a situação para os pedestres. Dentre elas, podemos identificar ruas para serem fechadas (para carros) ou ter circulação restrita”, disse o presidente do órgão.
Segundo o Instituto da Cidade Pelópidas Silveira, o Plano de Mobilidade Urbana do Recife - que tem como objetivo orientar os investimentos públicos em infraestruturas de transportes da cidade pelos próximos anos - está pela metade. Entre os 50% pendentes estão os resultados do diagnóstico dos deslocamentos na cidade; a realização de sessões de debates em alguns bairros e uma discussão prévia antes do envio à Câmara. A conclusão do plano era prevista para este semestre. “Depois de passar pelo poder legislativo, ainda será necessário um projeto executivo para aplicação do que está no plano”, explicou João.
O arquiteto e urbanista Geraldo Marinho, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), destacou que priorizar o pedestre não significa necessariamente fechar as ruas para carros. “Na década de 1980, quando a Rua Nova foi fechada, essa concepção era mais forte. Hoje, a criação de espaços exclusivos para pedestres foi substituída pela ideia de compartilhamento harmônico entre diversos modais”, destacou. Ele deu como exemplos que podem ser usados como inspirações pelo Recife o centro histórico de Santiago, no Chile, e a área histórica de Oxford, Inglaterra. “Nesses lugares, as calçadas são muito largas e há apenas uma faixa para os ônibus circularem em baixa velocidade.”
Conheça as vias
Vias exclusivas para pedestres do Recife
- Avenida Rio Branco
- Rua Imperatriz
- Rua Nova
- Rua 7 de Setembro
- Rua Duque de Caxias
- Pátio do Livramento
- Rua Larga do Rosário
- Pátio de São Pedro
- Rua Matias de Albuquerque
- Rua Rosário da Boa Vista
- Rua da Roda
- Rua da Alfândega
- Rua Barão Rodrigues Mendes
- Rua Frei Vicente do Salvador
- Travessa do Apolo
1,5 milhão de pessoas se deslocam por dia na RMR, segundo o Plano Diretor de 2008
Tempo médio gasto por deslocamentos de acordo com a pesquisa de Origem e Destino
43 minutos de ônibus
28 minutos de transporte individual
16 minutos a pé
Em 1972 19% dos deslocamentos eram a pé
Em 1997 24% dos deslocamentos eram a pé
Calçadas no Recife
25 milhões de metros quadrados de calçadas
Equivalente a cobrir com calçadas dos dois lados uma linha reta de 5 mil km*
* considerando a largura de 2,5 metros por calçada
5 mil km é equivalente à
Distância em linha reta entre Recife e Quito, no Equador
Distância em linha reta de ida e volta entre Recife e Curitiba, no Paraná
Ruas
5 milhões de metros de ruas
2,5 metros é a largura da calçada
Princípios de uma calçada ideal
Sombreamento: utilização de árvores para amenizar os efeitos do sol
Continuidade: interligação entre zonas de serviço dos bairros
Acessiblidade: acesso a deficientes, crianças, idosos e adultos
Serviços: evitar instalação de obstáculos na faixa de passagem
Tamanho: não se limitar ao mínimo de 1,20 m
Faixa de serviço + faixa livre + faixa de acesso
Faixa de serviço (instalação de hidrantes, árvores e postes): 0,75 cm de largura mínima
Faixa livre (para circulação): 1,20 m de largura mínima admissível e 1,50 m de largura mínima recomendada
Faixa de acesso: Sem largura mínima
Rampa de rebaixamento para acessibilidade: 1,20 m de largura
- Mobiliário urbano de grande porte (banca de revista) devem estar a 15 m do eixo da esquina
- Mobiliário urbanao de pequeno e médio porte (telefone público ou caixa de correios) devem estar a 5 m do eixo da esquina
Árvores:
Mudas com 2,30 m de altura máxima
A vegetação escolhida deve ter altura máxima de 6 m quando adulta
Fonte:
Prefeitura de Recife, Secretaria das Cidades, Guia de Construção de Calçadas da ONG Soluções para Cidades e dados da pesquisa Origem/Destino.
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