CARNAVAL 2017 » Te encontro na marim guerreira Todas as cores e fantasias têm espaço nas ladeiras do Sítio Histórico, onde foliões do mundo inteiro dividem sua alegria

Publicação: 26/02/2017 09:00

Enquanto o Galo da Madrugada dava as boas-vindas aos foliões no Recife, as ladeiras de Olinda ferveram ao som da mistura dos ritmos, tendo o frevo como o carro-chefe no primeiro  dia oficial da folia. A cidade patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade foi sacudida pelos blocos o dia inteiro, que se misturavam pelas estreitas ruas animados por orquestras de frevos e estandartes coloridos.

O bloco Bumba Meu Bowie, criado no ano passado em homenagem ao cantor britânico  David Bowie, saiu do Mosteiro de São Bento arrastando os fãs do artista. Outro bloco que também balançou Olinda foi o Mangue beat, em homenagem ao cantor Chico Science. Alguns dos participantes estavam com o corpo melado de barro para reverenciar o meio ambiente e o cantor, que idealizou o movimento.

A irreverência e a criatividade dos foliões deram um colorido especial à festa como um grupo de palhaços de Santa Catarina e outro do Rio fantasiados de Paquitas, em homenagem a Xuva. O catarinense Valdir Berbardi explicou que costumava se vestir de palhaço pela alegria que o personagem transmite às pessoas.  “Olinda é acolhedora, mas a prefeitura precisa coibir o abuso de carros de som em frente às casas que tocam funk. Isso desvirtua a autenticidade do frevo”, condenou.

Bloco Bumba Meu Bowie desfilou pela segunda vez (Julio Jacobina/DP | ANA CLAUDIA ELOI/DP | JULIO JACOBINA/DP)
Bloco Bumba Meu Bowie desfilou pela segunda vez
Os refugiados da Síria foram lembrados pelo advogado Lucas Viegas, com cartaz que dizia “os refugiados precisam de amor”. “Donald Trump expulsa as pessoas e nós só queremos beijos e amor”, afirmou. 

"Venho há três anos para Olinda vestido de Fidel.  Meus amigos disseram que eu era parecido e fiz a homenagem", Pepe Resende, folião pernambucano

"Me vesti de paquita para alegrar os foliões. Sou do Rio e todo ano passo carnaval em um lugar diferente", Douglas Teixeira, folião carioca

Mais de mil palhaços
Turistas catarinenses apostaram na clássica fantasia para se divertir na cidade patrimônio. De Norte,
Sul, Leste e Oeste chegaram milhares de estrelas de um espetáculo que encanta a todos por quatro dias

 (Julio Jacobina/DP)

Caveirinhas
Trabalhando até no além

O casal formado por Ana Borges e Alberto Souza desfilava na Praça do Carmo fantasiado de caveiras. Em um carnaval marcado pelas mensagens políticas, o visual cadavérico foi a forma encontrada pelos dois para protestar contra a reforma da Previdência Social, que tramita no Congresso. Ambos os foliões estão aposentados, mas contaram que decidiram se manifestar “em apoio às pesoas que ainda estão no batente e vão morrer trabalhando”.

Minnies na folia
A Disneylândia no Alto da Sé

Nas ladeiras de Olinda, há espaço para todas as referências culturais. Um exemplo da diversidade é o grupo de foliões de Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e  Rio Grande do Sul que curtem a cidade patrimonio fantasiados de Minnie Mouse. A personagem de Walt Disney é apenas uma das muitas personagens que serão representadas pelos amigos - que brincam juntos há sete anos - ao longo do período momesco. Eles costumam usar mais de uma fantasia por dia.

México/Olinda
Toda conexão é possível

O que Pernambuco, Alagoas e o México têm em comum? No coração dos foliões, qualquer conexão é possível. Em Olinda, um grupo de cinco rapazes e cinco moças, todos vindos de Maceió, estreou nas ladeiras devidamente fantasiados, como manda a etiqueta da corte de Momo. O tema escolhido - as roupas típicas e os sombreiros mexicanos - é um dos mais recorrentes em um carnaval também de muitas referências ao presidente norte-americano Trump.