Ciclo do Aedes pode ser rompido Equipamento lançado na sexta-feira no Centro de Convenções, na feira HospitalMed, durante o Startup Health, promete eliminar o mosquito

Publicação: 19/08/2017 03:00

Uma nova solução de baixo custo para combater os focos do Aedes aegypti foi desenvolvida em Pernambuco. É o Econtroles, um dispositivo que simula as condições ideais para depósito de ovos do vetor da dengue, chikungunya e zika, acelerando a eclosão deles e impedindo a conclusão do ciclo vital do mosquito. O equipamento foi lançado durante o Startup Health, dentro da feira HospitalMed, que foi realizada no Centro de Convenções até sexta-feira. E entrará oficialmente no mercado dentro de uma semana.

O Econtroles nasceu das pesquisas do doutor em fisiologia vegetal Fernando Encarnação. A partir dos princípios da biofísica, Fernando decidiu criar um objeto que não necessitasse de bioquímicos, genéticos e radioativos para matar o Aedes. Foi então que desenvolveu o Econtroles, que utiliza basicamente água e luz solar para agir. Ele tem um despósito onde são colocados cerca de 600 ml de água, que deve ser trocada a cada 20 dias. O dispositivo é efetivo ao se transformar em um local ideal para reprodução do mosquito. Ele simula as condições perfeitas para depósito de ovos pela fêmea, mas impede que as larvas se transformem em insetos.

Para acabar com o ciclo de vida do Aedes, o objeto deve ser colocado na área externa das residências, em um local onde a luz do sol pegue indiretamente. Ele atua em um raio de 10 metros, atraindo a colocação dos ovos das fêmeas. Depois que os ovos estão lá, há um processo de aceleração da eclosão. Mesmo assim, uma espécie de "tampa" colocada na água impede que as larvas se transformem no mosquito. É importante que o material não seja higienizado e, após um ano, seja jogado fora. Seria, para o criador, uma forma indireta de reduzir também o volume de material descartado e de substâncias químicas e bioquímicas usadas no combate aos vetores.

"O Econtroles funciona como um acelerador do ciclo vital do mosquito. Ele faz em três horas o que a natureza demoraria um ano para fazer. Elimina todos os elementos das gerações sucessivas dos mosquitos, reduzindo ainda a população de insetos sem promover a criação de variedades resistentes", explicou o pesquisador responsável pela ideia.

Segundo Fernando, apesar de ter sido pensado para o Aedes, o equipamento também funciona para o culex (muriçoca), identificado recentemente pela Fiocruz-PE como capaz de transmitir o zika vírus. O objeto ficou cinco anos em desenvolvimento e passou por testes realizados em campo. Ele começou a ser comercializado a um custo de R. Durante a Startup Health, ele foi vendido a um preço promocional, em um kit com três exemplares. Serão colocadas à venda inicialmente 15 mil unidades.

No espaço de negócios patrocinado pelo Porto Digital e o Sebrae  foram reunidas 22 startups com foco em desenvolvimento de projetos na área de saúde.

Pernambuco notificou neste ano, mais de 10,8 mil casos de dengue, 3,2 mil de chikungunya e 473 de zika. De acordo com o último levantamento do índice de infestação, 165 municípios estão em situação de risco elevado para transmissão de arboviroses.

Econtroles

Como deve ser manejado
  • Deve ser colocado na área externa da casa, de preferência na frente e atrás do imóvel, em um local que receberá luz indireta do sol
  • Ele tem um depósito de 600 ml de água, onde o líquido deve ser colocado
  • Em cima do depósito, é colocada uma espécie de “tampa” com uma espuma
  • A cada dia 20 dias, é preciso reabastecer o material com água
  • Ao fim de um ano, é necessário descartar o econtroles