Marquise era usada como varanda Três pessoas morreram e três ficaram feridas. Quatro vítimas estavam na sorveteria que funciona no térreo e duas em cima da marquise que desabou

Publicação: 07/08/2017 03:00

A marquise da pousada onde aconteceu o desabamento que deixou três pessoas mortas e outras três feridas, na praia de Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho, no último sábado, era utilizada como varanda pelo estabelecimento. Uma vistoria realizada, na manhã de ontem, por técnicos da Defesa Civil do município, confirmou o uso. Uma nova análise da estrutura será feita hoje às 9h com apoio das secretarias de Infraestrutura e Planejamento da cidade, para emissão do laudo final. A área do acidente permanece interditada. Dos três sobreviventes, dois seguem internados, sem risco de morte.

Durante as primeiras análises, foi averiguado que a estrutura da marquise estava irregular. “Em uma primeira vistoria, realizada logo após o acidente, identificamos que as dimensões da marquise eram inapropriadas e também havia infiltrações. Apesar disso, a estrutura do prédio, aparentemente, não está condenada. Uma nova vistoria será realizada para reavaliá-la”, afirmou a coordenadora da Defesa Civil do Cabo do município Ana Sandra Souza Leão.

A principal hipótese para justificar o acidente é a de que a estrutura não aguentou o peso das pessoas, já que não era sustentada por ferro, como o necessário para funcionar como varanda. A marquise deveria ter, no máximo, 40 centímetros de largura, mas tinha um metro, explicou Sandra Souza Leão. Hoje, deverão ser demolidas parte da estrutura da marquise do andar onde aconteceu o desabamento e também a varanda do piso superior, cujo comprometimento já foi atestado pela Defesa Civil. “Há uma área que provavelmente terá que ser demolida, mas apenas a vistoria dos técnicos confirmará a abrangência”, disse.

Ainda não há informações oficiais sobre o alvará de funcionamento e a liberação do Corpo de Bombeiros para o estabelecimento. A pousada funciona na Avenida Laura Cavalcante, há 25 anos, em um imóvel de três pisos. O dono ainda não se apresentou aos órgãos municipais, para mostrar a documentação. No térreo, funcionava um depósito de bebidas e uma sorveteria, que também permanecem fechados. Um inquérito policial também foi aberto, para averiguar a responsabilidade do proprietário.

VÍTIMAS
As três vítimas fatais: José Vicente da Silva, 47 anos, Alisson Barbosa de Souza, 22 anos, e Gilberto Balbino Neto, 12 anos, estavam em uma sorveteria que funcionava no térreo do prédio. Jackson Mariano da Silva também estava sob a marquise. Ele foi socorrido para o Hospital da Restauração, onde passou por uma cirurgia no abdômen e se encontra na sala de recuperação.

Outras duas vítimas, Sandra Maria de Oliveira, 52 anos, e José Ribeiro de Oliveira, 70 anos, estavam na varanda sentados, e desabaram junto com o equipamento. Eles foram socorridos para um hospital particular no bairro do Espinheiro, no Recife. José teve escoriações e foi liberado e Sandra teve uma fratura em uma das costelas e segue em observação.

Ontem, as famílias das vítimas foram ao Instituto de Medicina Legal (IML) aguardar a liberação dos corpos. “Meu irmão tinha acabado de sair de um trabalho. Parou para tomar um sorvete. Era uma pessoa muito querida, que sonhava em ser músico”, contou o irmão de José Vicente, Antonio Vicente da Silva. Ele deixou a esposa e dois filhos.

A mãe de Alisson Barbosa de Souza, Maria Helena Barbosa, falou dos sonhos do filho. “Ele sempre foi um bom filho, um bom amigo. E muito conhecido porque vendia água e gás. Com 22 anos, ele tinha muitos sonhos. Um deles era ser pai”, contou. Abalados, os familiares do menor Gilberto Balbino Neto não quiseram dar entrevista.