DP+SOCIAL »
Uma história de luta que virou referência
Com 41 anos de atuação no movimento feminista, o Centro das Mulheres do Cabo vivenciou conquistas e se adaptou às novas realidades
CARLOS LOPES
Publicação: 25/06/2025 03:00
![]() | |
A busca pela igualdade de gênero é uma das diversas áreas em que a entidade atua |
Há mais de quatro décadas, o movimento feminista vivia um momento de transição, completando o ciclo da chamada segunda onda, onde as discussões se concentravam na busca pela igualdade no mercado de trabalho, combate à violência doméstica e o direito reprodutivo. Neste contexto surgiu uma organização não-governamental (ONG), no Cabo de Santo Agostinho, que se tornou uma referência em Pernambuco na luta pela igualdade de gênero: o Centro das Mulheres do Cabo.
Nos primeiros anos de trabalho, o CMC ampliou o seu foco para a interseccionalidade, onde se passou a discutir as diferentes formas de opressão que afetam as mulheres, dependendo de sua classe social, raça e orientação sexual, e como essas experiências estão interligadas. Era o início da terceira onda do movimento feminista, mantida até hoje, que valoriza a pluralidade de vozes e experiências, sejam elas vivenciadas por mulheres negras, trans, com deficiência, entre outras. Sem deixar de dar continuidade ao combate à violência doméstica.
Em maio, o Centro das Mulheres do Cabo completou 41 anos de fundação, vivenciados em dois ciclos do feminismo e com uma atuação marcante que extrapolou os limites do município. A comemoração da data envolveu a promoção de debates. No seminário realizado em Palmares, contou com a participação de integrantes de movimentos feministas da Zona da Mata Sul e de gestoras de Política para Mulheres, que participam do Comitê de Monitoramento da Violência e do Feminicídio (Comfem).
“Contribuímos para fortalecer nesta região a luta pelo direito das mulheres que eram invisibilizadas na década de 1990 com o Rádio Mulher”, destacou a coordenadora geral da CMC, Izabel Santos, referindo-se ao programa radiofônico que foi ao ar pela primeira vez em 1997. “Ecoando direitos por políticas públicas para essa região que tinha um alto índice de mulheres analfabetas. Além disso, levamos ações de saúde sexual e reprodutiva”, complementou.
A Rádio Mulher, transmitido pela Rádio Comunitária Calheta FM 98,5, de segunda a sexta, das 8h às 9h, vem sendo um poderoso instrumento do Centro das Mulheres do Cabo a fim de modificar a estrutura social e cultural na Zona da Mata Sul do estado. “A Rádio Mulher trouxe empoderamento às mulheres que passaram a ter informações sobre violência contra a mulher, direitos sexuais e reprodutivos, políticas públicas”, contou Manina Aguiar, educomunicadora e coordenadora do programa.
“Isso mexeu com as estruturas machistas, patriarcais e canavieiras da região e da população masculina que não estava acostumada a ter suas posturas questionadas”, concluiu.