Consciência negra é luta travada 365 dias por ano Programação contra o preconceito e por oportunidades iguais inclui protesto e atividades culturais

Publicação: 21/11/2017 03:00

Se a cultura pode ser um instrumento de protesto, nada melhor que comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra, lembrado no dia 20 de novembro, com manifestações que fortalecem e replicam a raiz africana no Brasil. Ontem, diversas atividades foram promovidas na Biblioteca Pública Estadual, em Santo Amaro, para estimular crianças e adolescentes a descobrir sua história e descendência.

Hoje haverá roda de debates sobre os direitos da criança e adolescente quilombola. Duas crianças de quilombos se tornarão defensoras públicas-gerais do estado, por um dia. A parceria da Defensoria Pública de Pernambuco com o Unicef marca as comemorações do Dia Nacional da Criança e da Semana Nacional da Consciência Negra. O evento ocorrerá na sede da Defensoria Pública, na Rua Marques do Amorim, bairro da Boa Vista.

“O negro é a base da sociedade. Todo mundo tem um pouco do negro, não apenas no visual, mas principalmente no sangue”, declarou a menina Bia Sabiá, 11. Na biblioteca, ela apresentou elementos da capoeira às crianças do Centro Municipal de Educação Infantil Ana Rosa. Bia faz parte do grupo de capoeira Ginga Pura Brasil há cinco anos. “As pessoas não sabem o valor e a importância que a cultura pode ter. Ela pode ser utilizada como uma forma de combate ao racismo”, completou.

Por ser um forte instrumento, em muitos momentos da história do país a cultura negra foi alvo da represssão. Para refletir sobre o assunto, a musicista Sibelli Carvalho promoveu uma Oficina de Percussão Corporal para alunos do Ensino Médio do Ginásio Pernambucano da Rua da Aurora. “O batuque vem dos primórdios da humanidade, como uma necessidade do homem de buscar a sua conexão com o divino. Na Era Getulio Vargas, havia muita repressão do batuque dentro dos terreiros. Hoje, essa forma de repressão aparece de uma maneira diferente e, por isso, é importante aprender a resistir. Mesmo quando não há instrumento, temos que usar o corpo”, explicou Sibelli.

À tarde, também houve narração de contos africanos para crianças, promovida pela agente de transformação social Beth Queiroz. “É preciso apresentar às crianças as referências da cultura negra, diferentemente daquilo que a elas é apresentado de forma distorcida. É preciso criar os filhos fora da redoma, se misturando, porque isso ajuda a combater os estereótipos e o preconceito”, defendeu.

MARCHA
No Bairro do Recife, grupos de diferentes associações do estado se reuniram no Marco Zero, durante a tarde, para promover a 7ª Marcha da Capoeira para Zumbi do Palmares. O ato teve como objetivo aumentar o debate contra a discriminação da capoeira, expressão cultural brasileira que é a mistura de artes marciais e dança, e a importância dela para a inclusão social. O grupo seguiu em direção à Avenida Dantas Barretos. O ato foi encerrado na Praça Nossa Senhora do Carmo, no Centro do Recife.