Música para saudar novas vidas Quatro artistas convidados pelo Diario se apresentaram para mães e crianças no Hospital da Mulher

MARCIONILA TEIXEIRA
marcionila.teixeira@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 16/12/2017 03:00

A vida brota por todos os lados naquele espaço reservado aos nascimentos. Quando a música chega, delicada, pelas mãos de quatro instrumentistas, a rotina de amamentação e outros cuidados com os bebês dá espaço à ouvida. As mães saem dos quartos com suas crianças no colo para compreender a visita inesperada no corredor.

A música vem para celebrar a vida, dar boas-vindas a meninos e meninas e também acalentar as mães. A convite do Diario, os músicos José Arimatea da Silva (flauta transversal), Ronaldo Rodrigues, o Miudinho Sete Cordas (violão), Roberta Albuquerque (percussão) e Luiz Edmundo de Menezes (pandeiro) visitaram o Hospital da Mulher, na BR-101, no Curado, para compartilhar com as mães e recém-nascidos experiências provocadas pela música.

Maria Cláudia Alves de Assis, 40 anos, está na unidade há oito dias. Ana Sofia, seu segundo bebê, precisou permanecer para tratamento. Em meio à saudade de casa, Cláudia concedeu uma pausa a si mesma para escutar os instrumentos. “Ouvir música tira o estresse da gente, que está há muito tempo no hospital. Foi bom”, comentou. Segundo os músicos, o bebê de Cláudia até sorriu ao ouvir tantos sons diferentes no ambiente acostumado ao silêncio.

A fonoaudióloga da unidade, Nádia Garcia, percebe a música como um importante elemento para a criança desde quando ela está na barriga da mãe. “Desenvolve a linguagem. Costumo falar para as mães que a partir do quinto mês de gestação o bebê já escuta”, contou.

O Hospital da Mulher é a unidade municipal com mais partos no estado, após um ano e sete meses de implantado. Calcula-se 310 partos ao mês, sendo 75% deles normais. A unidade tem 150 leitos e realiza atendimentos, exclusivamente para mulheres, em 12 especialidades médicas, além de serviço social, psicologia, enfermagem, nutrição e fonoaudiologia. A unidade é da Prefeitura do Recife, mas é gerida pela OS Hospital de Câncer de Pernambuco.

Os músicos levaram canções para o alojamento conjunto, onde também ficam mães com bebês, e para a casa das mães, onde estão as mulheres com crianças que precisaram permanecer na unidade por mais tempo para tratamento. Arimatea, Ronaldo e Luiz integram o Quinteto de Prata e também costumam se apresentar voluntariamente em outras instituições hospitalares. No dia da apresentação no Hospital da Mulher, convidaram Roberta para participar como percussionista.

A unidade avalia implantar projetos com música para os pacientes. A diretora-geral do hospital, Isabela Coutinho, disse que propostas nesse sentido já foram apresentadas. “A música tem tudo a ver com a filosofia de humanização do hospital, com a proposta de nosso usuário se sentir bem, valorizado e acolhido”, disse a diretora. Lara Cruz, 27, mãe do segundo bebê, concorda. “A música acalma, tranquiliza. Tem mães que precisam disso. Na hora do meu parto eu, por exemplo, pedi para tocar uma música evangélica que gosto muito”, lembrou.