Por todas as complicações físicas e dificuldades de locomoção, muitos estudantes da Unicap ajudam a Vovó. A universitária Gabriela Borba, 23, observa a rotina da idosa. “Em 2015, a conheci devido a uma campanha que alguns alunos fizeram para ajudar a pintar a banca. Ela sempre está carregando uma bolsa pesada. Sei disso porque uma vez a ajudei a carregar”, explica com preocupação. “Todos os meninos que passam por aqui deixam um pedacinho deles comigo. É por isso que ainda estou aqui”, diz a idosa.

Apesar de receber solidariedade de seus amigos, como ela mesma diz, isso não tem sido suficiente. Margarida, que vai de casa, em San Martin, até a Rua do Lazer de ônibus, tem o desejo de se mudar e morar mais perto ao fiteiro. Além disso, a idosa já foi alvo de três assaltos. “Eu queria alugar uma casa na Rua do Príncipe, porque fica muito melhor pra eu conseguir me locomover. Estou viva porque Deus está permitindo”, afirma Margarida.

Apesar de sua idade, Margarida é responsável por todos os cuidados de sua filha Norma, de 67 anos, que, depois de um AVC, tornou-se completamente dependente da mãe. “Ela precisa de uma cuidadora, mas eu não posso pagar. Eu vou morrer agarrada com ela. Sempre digo ‘minha filha, a gente não sabe quem vai primeiro, se sou eu ou se é você, mas enquanto você respirar, a gente luta juntas’”, comenta.

Personagem querido na comunidade universitária, a Vovó quer ficar conhecida por algo mais que suas histórias e os lanches que vende. Leitora ávida, ela também comercializa livros, muitos dos quais ela já leu, e só lamenta a queda da procura dos jovens em tempos de internet.