Caboclinho: o amor de uma família Dificuldades financeiras não impedem que a Tribo de Caboclinho Candidé de Cavaleiro desfile no carnaval

Publicação: 20/01/2018 03:00

A família do aposentado José Gonçalves da Silva, 72 anos, espera ansiosa pela terça-feira de carnaval. É nesse dia, todos os anos, que a Tribo de Caboclinho Candidé de Cavaleiro vai às ruas mostrar a beleza da dança dos seus integrantes. A preparação de um ano inteiro atinge seu ápice na hora de pisar na Avenida do Forte, no bairro do Cordeiro, onde desfilam várias tribos. Fundada em 11 de março de 1983, a tribo é composta atualmente pelos filhos, netos, parentes e amigos de José Gonçalves.

Mesmo enfrentando dificuldades financeiras ao longo de 11 meses, quando chega o período de Momo, a alegria a vontade botar a tribo na rua falam mais alto. As fantasias guardadas dos anos anteriores ganham vida e brilho novos e vestem aqueles que amam dançar.

“Sou teimoso e gosto muito dessa brincadeira. Desde criança que sou metido em caboclinho e por isso não posso deixar a tradição morrer. Cada ano que passa, fica mais difícil colocar o pessoal para desfilar. A gente não tem apoio financeiro quase nenhum. A única verba que recebemos vem da Prefeitura do Recife, mas o valor é pouco para bancar toda a agremiação. Tiro dinheiro da minha aposentadoria e faço empréstimo no banco mais não deixo de desfilar”, conta José Gonçalves. Os seis filhos e os nove netos do aposentado cresceram acompanhando o gosto dele. “Meu tio tinha um grupo de boi de carnaval e eu também brincava nele quando era criança. Minha mãe também gostava muito de carnaval. Isso está no meu sangue”, completa Gonçalves.

A Tribo de Caboclinho Candidé de Cavaleiro não tem sede própria. É em uma sala ao lado da casa da ex-esposa de José Gonçalves que as fantasias e os instrumentos são guardados. “O casamento acabou mais a amizade continua e todos os anos eu ajudo ele a colocar o caboclinho na rua”, revela a dona de casa Dilma Joaquina, 63. O neto mais velho do presidente da tribo, Victor Nunes, 20, conhece a brincadeira preferida pela familía no carnaval desde os três meses de vida. “Meu pai e minha mãe me levavam para os defiles desde quando eu era muito pequeno e eu passei a gostar também. Minha esposa hoje também desfila com a gente”, comenta Victor.

Liliane Vieira, 20, entrou para a família aos 17 anos, quando começou a namorar com Victor e se apaixonou pela caboclinho. “Fico emocionada quando visto essa roupa. É uma alegria muito grande fazer parte desse desfile”, revela Liliane. Também fazem parte da tribo os estudantes Felipe Gonçalves, 16, e Vagner Cleyton, 12. Ambos são netos de José Gonçalves. O taxista Irinaldo Gonçalves, 35, é um dos filhos de José Gonçalves e o incentiva a não desistir da brincadeira. “As dificuldades são grandes, mas ele não pode parar. Já é uma tradição na nossa família. Todos nós gostamos muito de desfilar”, conta Irinaldo.