Frevo que toma o corpo e acaba no pé

Publicação: 20/01/2018 03:00

A multidão cantando ao redor, indo e vindo. O frevo ecoando por todos os lados, nos quatros cantos do Sítio Histórico de Olinda. Aquele momento, na agonia e alegria do carnaval, foi o mais marcante da vida de Alan Leite, 38 anos. “Foi quando me senti pela primeira vez um verdadeiro passista”, conta ele, dançarino e também auxiliar de produção em uma empresa frigorífica. Frevo para Alan é coisa séria, não é só diversão. É um amor incondicional descoberto ainda na adolescência.

O frevo era um dos ritmos tocados durante as aulas de dança de Alan, ainda na escola. De pronto, chamou a atenção dele. Fazia lembrar da vida na casa da mãe, em Brasília Teimosa, onde sempre tocava o ritmo. “O frevo tem personalidade, história e, ao mesmo tempo, exige uma desenvoltura, um esforço físico grande e também uma criatividade. A gente se transforma com ele”, justifica.

Depois de muito estudar, Alan se transformou em passista profissional de frevo. Durante o período carnavalesco, se apresenta todos os dias. Só durante os quatro dias de Momo, são mais de 20 eventos dele e da companhia que criou para repassar os conhecimentos a outras pessoas. Porém, ser professor de dança é quase um trabalho paralelo. “As oportunidades são poucas ao longo do ano. O mês tem 30 dias, então é preciso arrumar um trabalho fixo”, explica ele, que mais precisamente embala as carnes na empresa na qual trabalha.

Para conseguir conciliar os ensaios pré-carnaval com a vida profissional, Alan sempre tira férias nos meses de janeiro, quando intensifica os treinos e o repasse da coreografia com os alunos. Faz um esforço e também confecciona os figurinos, borda, faz arte dos cartazes. Tudo pelo frevo. O carnaval, com todos os perrengues como ter sombrinhas roubadas e até dançar com a roupa caindo, é o ápice dessa paixão.