Hospitais se preparam contra a febre amarela Protocolo inclui RHP, Santa Joana e Huoc. Estado apura 2 casos e busca por vacina sobe 50% no Recife

ALICE DE SOUZA
ISABELA VERÍSSIMO
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Publicação: 18/01/2018 03:00

Diante do cenário nacional da febre amarela e da investigação de casos em Pernambuco, um protocolo de atendimento será criado no estado com o objetivo de preparar duas unidades particulares e uma pública para um possível aumento no fluxo de pacientes com sintomas. A busca pela vacina aumentou 50% na capital pernambucana. Segundo a Secretaria de Saúde do município, houve incremento de 700 doses na demanda em janeiro. A capital recebe duas mil doses por mês e o estado 10 mil doses mensais.

O protocolo, que deverá ficar pronto até o fim da próxima semana, trará orientações a profissionais de saúde sobre coleta de exames para análise, diagnóstico, tratamento das formas leves e graves e alta hospitalar. Será implantado no Real Hospital Português, Hospital Santa Joana Recife e Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc).

O estado investiga duas suspeitas da enfermidade, que é transmitida por mosquitos infectados com o vírus. A primeira é de uma mulher pernambucana de 37 anos que esteve em Mairiporã (SP), cidade com mais registros e óbitos do Brasil. Ela regressou ao estado com febre, náuseas e vômitos, foi atendida em uma unidade particular no dia 9 e teve alta. A segunda é de um pernambucano de 54 anos residente em Brasília, que está de férias no Recife. Foi atendido em uma unidade privada na terça-feira, com febre, dores de cabeça e no corpo, mas recebeu alta. Ele é vacinado contra a doença, mas amostras foram coletadas, pois o homem passou por áreas de risco na Bahia. O Brasil teve 35 casos confirmados e 20 óbitos de julho de 2017 até janeiro deste ano.

Já existe um documento do Ministério da Saúde vigente. A preocupação é se preparar para receber mais pacientes que o habitual, já que os casos suspeitos não chegam mais só do Norte e Centro-Oeste, como no passado. São Paulo, estado com mais notificações desde meados de 2017, mantém com Pernambuco fluxo intenso de pessoas. “Antes, o protocolo dizia que todo paciente deveria ir ao Oswaldo Cruz para ser avaliado. Mas recebíamos no máximo três pessoas. E se a gente aumentar o número para 10 ou 15, será que o hospital vai absorver? É por isso que estamos tentando nos adiantar”, explica o infectologista Filipe Prohaska.

Segundo ele, o protocolo preverá duas situações. “Uma é o paciente com febre amarela que possa vir de outros estados ou países. A outra é Pernambuco registrar aumento no número de casos, que a gente acha que não haverá. Mas precisamos deixar os hospitais preparados para uma situação dessa”, explicou o infectologista Filipe Prohaska.

O documento tem ainda informações sobre a identificação de pacientes aptos a serem transferidos para a UTI, já que a preocupação com a febre amarela vem da alta taxa de letalidade. Dos agravados, até 50% podem morrer. “Ainda nesta semana teremos reunião com pessoas que trabalham nas emergências e unidades de terapia intensiva. A ideia é não somente permitir um diagnóstico precoce, mas um tratamento adequado para aumentar a sobrevida”, acrescentou Prohaska.

Até sexta-feira, uma equipe de infectologistas discutirá os termos do fluxograma que será repassado aos profissionais. Um esboço do protocolo deverá ficar pronto ainda nesta semana, para que em seguida seja iniciado o treinamento com as equipes.