CARNAVAL 2018 » O maracatu e suas cores que encantam O Águia de Ouro de Casa Amarela mantém de pé a tradição do grupo que nasceu na década de 1930

Publicação: 20/01/2018 03:00

Quem mora no Morro da Conceição já sabe que quando o carnaval está próximo o colorido dos integrantes do Maracatu de Baque Solto Águia de Ouro de Casa Amarela ganha as ruas da comunidade. Fundado em 7 de setembro de 1933 por Severino Lino Alves, já falecido, o maracatu reúne moradores do bairros das proximidades para desfilar no período de Momo. Hoje, quem comanda o grupo é um dos filhos do fundador, o auxiliar de produção, Israel Lino, 50 anos. A tradição da família do pai, natural de Paudalho, já foi passada por Israel para seus filhos e netos. Como tantas outras agremiações do carnaval pernambucano, o maracatu de Casa Amarela também enfrenta dificuldades financeiras para continuar desfilando. Sem sede própria, todo o material é guardado na casa de Israel.

“Desde muito novo que eu vivo dentro do maracatu. Meu pai chegava a me carregar pendurado na roupa dele nos dias de carnaval. Quando eu fiz oito anos disse ao meu pai que queria uma fantasia para brincar também. De lá pra cá, não parei mais. Todos os anos, nós enfrentamos muitas dificuldades para colocar o pessoal na rua. Mas vamos lutar para isso não se acabar. Antes de meu pai morrer ele me disse que não tinha herança para deixar a não ser o maracatu. E eu assumi essa responsabilidade”, conta Israel Lino. Com a ajuda da esposa, Rejane Luíza de Barros, tesoureira do maracatu, Lino vai superando os desafios e fazendo a festa nos quatro dias de carnaval. “Antigamente era mais fácil conseguir dinheiro. Até os vizinhos ajudavam. Agora contamos só com a verba da prefeitura, que não dá para muita coisa”, completa Israel.

Atualmente, 55 pessoas desfilam no Maracatu Águia de Ouro de Casa Amarela. As apresentações acontecem em polos do carnaval do Recife e em algumas cidades do interior do estado. Aos 22 anos, Wellington Guimarães é um dos mais animados da turma. Há cinco anos ele é o mestre caboclo do grupo. “Sinto uma emoção muito grande quando visto essa roupa. É muito bom participar dessa festa. Essa tradição não pode morrer nunca”, destaca Wellington. A dona de casa Maria José Gonçalves, 52, é a dama de passo do maracatu. Entrou para o grupo há dois anos junto com marido, Reginaldo Dias da Silva, 36, que se veste de caboclo. Já os netos de Israel, Ivson Lino de Souza Alves, 10, e Ryan Lino de Souza Alves, 6, seguem seus passos. Os dois começaram a dançar quando tinham apenas quatro anos.

Nazaré da Mata

Na Mata Norte, a cidade de Nazaré da Mata é berço de vários maracatus. Entre os grupos da cidade, o Cambinda Brasileira é um dos que mais se destaca. Comemorou 100 anos no início deste mês. Embora ainda muito jovem, Alex Rodrigo dos Santos Oliveira, 16, tem orgulho de fazer parte do maracatu. “É uma tradição aqui da nossa cidade e todas as pessoas gostam muito. Fazemos várias apresentações e também já viajamos para muitos lugares para divulgar nossa cultura”, ressalta.