A cobra fumou em Monte Castelo Próximos de se tornarem centenários, combatentes da 2ª Guerra Mundial são homenageados por vitória na Itália em 1945

Publicação: 17/02/2018 03:00

A poucos anos de chegarem a um século de vida, quatro ex-combatentes pernambucanos da Força Expedicionária Brasileira (FEB) vestiram-se de ternos, boinas azuis e braçadeiras com o símbolo da cobra fumando para receber uma homenagem, na sexta-feira, no Comando Militar do Nordeste, no Curado. A solenidade celebrou os 73 anos da tomada de Monte Castelo, na Itália, em 21 de fevereiro de 1945, na 2ª Guerra Mundial. Dos 600 pernambucanos que integraram a FEB, 11 continuam vivos.

Ao todo, 25 mil brasileiros foram convocados após o país declarar guerra ao eixo formado por Alemanha, Itália e Japão em 1943. Em junho do ano seguinte, os soldados embarcaram para lutar contra as tropas do líder nazista Adolph Hitler. Entre eles estava Alberides de Lima Passos, 97 anos, que era responsável pela colocação e retirada de minas terrestres. Em uma das operações, foi gravemente ferido por uma explosão. Outra vez, escapou por um triz de ser metralhado por um inimigo. “Após a explosão, passei 60 dias internado na Itália. Mas foi uma grande vitória do Brasil. Nunca tive medo da morte.” Além de Alberides, estiveram na solenidade Gastão Veloso de Melo, 95, Joaquim Patrício de Araújo, 99, e Severino Gomes de Souza, 94.

Após três meses de combates, os brasileiros liderados pelo marechal Mascarenhas de Morais se sagraram vitoriosos na quinta tentativa de tomar o monte, a um custo humano elevado. Foram 400 mortos ou feridos, volume de baixas dez maior que o das tropas alemãs. Onze pernambucanos morreram em combate e um foi dado como desaparecido. Ainda assim, o triunfo na Itália é considerado um dos maiores feitos militares brasileiros, contado nos documentários Senta a pua (1999) e A cobra fumou (2003).

Em Pernambuco, a Associação Nacional dos Veteranos da FEB funciona na Avenida Carlos de Lima Cavalcanti, 3.874, em Casa Caiada, Olinda. “Nos reunimos todo primeiro sábado do mês. Não é todo mundo que tem um herói na família. O encontro é uma forma de manter viva a memória, disse o vice-presidente da associação, Rigoberto de Souza Júnior, filho de um pracinha de 95 anos.

Júnior destaca que, na volta dos combates, os pracinhas não receberam apoio. A partir da Constituição de 1988, ganharam direito a uma pensão especial avaliada hoje em R$ 8 mil mensais.