Levar água às torneiras segue como um desafio Estado tem problemas de abastecimento em todas as regiões, mas obras podem mudar esse quadro

Publicação: 22/03/2018 03:00

Apesar de 91% do estado serem cobertos por serviços de abastecimento de água, a situação de fornecimento ainda está longe do ideal. De acordo com a Compesa, os gargalos no serviço diferem em cada região. Em algumas áreas, como o Agreste e o Sertão, a segurança hídrica é impactada pela seca continuada.

O estado tem 23 municípios em colapso hídrico e seis em pré-colapso. Na Região Metropolitana do Recife, os morros são mais afetados pela interrupção no abastecimento. Em algumas localidades, sobretudo na RMR Norte, o sistema de rodízio chega a ser de um dia de fornecimento para cinco dias sem. No Dia Mundial da Água, os problemas no abastecimento e a importância das obras para regularizá-lo dão uma ideia do desafio ligado à questão hídrica.

“A escassez e a situação de colapso no Agreste nos obrigam a arranjar soluções que não são baratas, como a própria Adutora do Agreste (que já teve uma etapa aberta), e que demandam tempo, às vezes anos, entre o projeto e  a execução. Na RMR, muitas cidades cresceram numa velocidade que não foi possível de ser acompanhada pelo sistema”, afirma o diretor-técnico e de engenharia da Compesa, Rômulo Aurélio Souza.

Segundo ele, a empresa está fazendo trocas de tubulações, construções de estações elevatórias e implantação de dispositivos de controle de vazão e de controle de pressão. Só no Recife, a Compesa está investindo R$ 200 milhões na troca de tubulação. “O objetivo é atuar com mais rapidez nos problemas de abastecimento, porque esses sistemas indicam a existência de perdas hídricas. E quando se melhora o fornecimento de uma área, conseguimos otimizar de uma forma mais equilibrada a região como um todo”, disse Rômulo.

O maqueiro Evandro Serpa, 57 anos, deverá ser um dos beneficiados. “Moro no Alto José do Pinho desde a adolescência. Quando eu tinha 15 anos, descia o morro para buscar água. Era como eu ganhava um trocadinho dos comerciantes, que dependiam dessa água para funcionar. Na época, não tinha escadaria, então eu subia no barro. A situação melhorou ao longo dos anos, mas ainda não temos água todos os dias. Aqui, o rodízio é de três em três dias. Chegou água ontem (terça-feira). Só deve voltar no sábado agora, mas não dá pra confiar. A conta da Compesa, por outro lado, é pontual. Todo mês chega o boleto de R$ 50, em média. O que mais sinto falta é de poder tomar banho de chuveiro, pois só tomo banho de cuia”, conta.