Cavalo-marinho é símbolo frágil da diversidade

Publicação: 19/06/2018 03:00

A estrela dos passeios pelo Pontal de Maracaípe são os cavalos-marinhos. De adultos a crianças que embarcam nas jangadas, o desejo maior é o de ver, livres na natureza, esses peixes ósseos. Não é tarefa complicada. Os jangadeiros conseguem, com anos de experiência de pesca, de passeios no mangue e de capacitações, localizá-los. Aprenderam muito do habitat dos animais e o quanto eles são frágeis. A fragilidade dos cavalos-marinhos, sob risco de extinção, levou ao surgimento do Projeto Hippocampus, estabelecido em Porto de Galinhas, praia vizinha à Praia de Maracaípe, desde 2001.

O projeto trabalha em duas frentes. Além do programa científico e desenvolvimento humano, mantém um centro de visitação. O centro é a parte mais visível do Hippocampus para a população. Vindos de Pimenta Bueno, município de Rondônia, Franciele Palozi e Andrey Jacovozzi, ambos com 21 anos, incluíram a passagem pelo centro na viagem pelo balneário. Ouviram, pela primeira vez, as explicações do comportamento monogâmico da espécie e da gravidez dos machos. Franciele aprovou. “O ser humano também deveria ser assim, pois a mulher é quem mais sofre”, argumentou ela. Ao lado, Andrey sorriu, saindo satisfeito com o que aprendeu.

Reações semelhantes se repetem rotineiramente nas visitas. “O mundo dos cavalos-marinhos encanta”, disse Alexsandra Maria da Silva, 22 anos, recepcionista do espaço. O mimetismo, capacidade dos cavalos-marinhos se adaptar aos ambientes, é uma das características que mais desperta interesse dos visitantes.  A espécie exposta no centro é a encontrada no Pontal de Maracaípe, a Hippocampus reide, uma das mais de 50 existentes no mundo e entre as três espécies distribuídas na costa brasileira. Nem todos os cavalos-marinhos dos aquários públicos vieram da natureza. Alguns nasceram no laboratório do projeto.

Embora centrado nos cavalos-marinhos, o Hippocampus recebe bichos marinhos capturados por pescadores e carentes de reabilitação. Pelas mãos dos biólogos e dos veterinários do Laboratório de Aquicultura Marinha (Labaquac), instituição à frente do projeto, passam animais como moréias, lagostas, badejos e baiacus. Alguns desses deixaram Pedro Duarte, 7 anos, boquiaberto. “Meu Deus, nunca tinha visto coisa assim!”, repetia ao andar de um canto a outro no centro.