Terror virtual comandado de Camaragibe
A apreensão de um adolescente pela PCPE descortinou uma quadrilha nacional responsável por diversos crimes violentos pela internet
Publicação: 05/06/2025 03:00
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O delegado Joel Venâncio disse que o rapaz demonstrou frieza com a situação |
A Polícia Civil de Pernambuco divulgou ontem que apreendeu um adolescente de 17 anos, morador de Camaragibe, no Grande Recife, que liderava uma quadrilha de cyberbullyng - com a atuação em vários estados e responsável por diversos tipos de crimes que incluíram, por exemplo, incentivos à automutilação, explosão de pessoas e estupro virtual.
O menor foi recolhido ao Centro de Internação Provisória (Cenip), onde permanecerá à disposição da Justiça. As investigações continuam para identificar e responsabilizar todos os integrantes do grupo. No portal do Diario de Pernambuco na internet, os pais podem verificar dicas de como proteger seus filhos dos crimes da internet.
Entre as ações mais chocantes atribuídas ao grupo está o desafio que consistiu em um jovem usar um coquetel molotov, uma espécie de bomba de fabricação caseira, para incendiar um morador de rua, no Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano. Esse ataque foi filmado e transmitido pela internet dentro do servidor administrado pelo pernambucano. O adolescente também promoveu um desafio em que uma jovem engoliu lâminas e sofreu graves lesões.
Antes da apreensão de ontem, o jovem, inclusive, já tinha sido detido anteriormente por desacatar e xingar uma delegada em São Paulo. Devido a esse fato, em novembro do ano passado, ele chegou a ficar 45 dias sob internação. A apreensão do adolescente foi realizada pela 9ª Delegacia Seccional, na Operação Game End.
A ação contou com o apoio técnico do Cyberlab do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da Dintel e do Núcleo de Observação e Análise Digital da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.
Durante a operação, foi cumprido mandado de busca e apreensão com internação provisória contra o adolescente, que não teve o nome divulgado para respeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “Ele é apontado como líder de um servidor da plataforma online e comandava um grupo envolvido em crimes como distribuição de pornografia infantil, estupro virtual, racismo, cyberbullying, incitação ao crime, tentativa de homicídio, coação no curso do processo e invasão de sistemas governamentais”, resumiu a polícia pernambucana.
ESTUPROS
Essa quadrilha abordava meninas, crianças e adolescentes, manipulando para elas enviarem conteúdo íntimo, posteriormente utilizado para chantagem e incentivo à automutilação em transmissões ao vivo. Ao todo, foram levantadas 200 vitimas desse tipo de atuação, segundo investigação do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), da Polícia Civil de São Paulo.
Na internet, o suspeito pregava outros crimes como pornografia infantil, injúria, homofobia e terrorismo. “Nós fizemos toda a investigação aqui, conseguimos colher as provas, apresentamos ao Poder Judiciário e a Polícia Civil do Pernambuco nos ajudou a executar a apreensão”, explicou a delegada Lisandréa Salvariego, coordenadora do Noad.
AMEAÇAS
Ainda conforme a polícia, o adolescente apreendido confessou ainda ser o autor de ameaças direcionadas a uma delegada de polícia do Estado de São Paulo, enviadas por e-mail no dia 28 de maio de 2025. As mensagens continham informações detalhadas sobre a rotina da autoridade policial, bem como nomes e endereços de seus familiares, em uma clara tentativa de intimidação em virtude das prisões de membros do grupo naquele estado.
O adolescente também já tinha envolvimento em outras fraudes, como inserção de dados falsos em sistemas de instituições privadas e públicas. Este último crime era a principal tática usada para ameaçar as vítimas.
De acordo com o delegado Joel Venâncio, gestor da Delegacia Seccional de São Lourenço, após ser indiciado como chefe da quadrilha e apreendido, o jovem não demonstrou preocupação, pelo contrário se mostrou frio com a situação. “O que me chamou a atenção na apreensão dele foram a ironia, o cinismo e a frieza. Chegou um dado momento que estávamos filmando que ele sorriu e me perguntou se iria ser divulgado”, contou ao delegado.