Acusados por assassinato de Helen viram réus Ao mantê-los na cadeia, o juiz considerou que criminosos já teriam histórico de violência e classificou a morte da criança como um "homicídio atroz"

Felipe Resk

Publicação: 06/06/2025 03:00

Menina, de 3 anos e 11 meses, foi baleada na cabeça durante tiroteio em Água Fria (REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS)
Menina, de 3 anos e 11 meses, foi baleada na cabeça durante tiroteio em Água Fria

Os dois homens denunciados pela morte da menina Helen Santos de Souza, de 3 anos e 11 meses, que foi vítima de uma bala perdida em Água Fria, na Zona Norte do Recife, viraram réus por homicídio qualificado no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A denúncia, oferecida pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) ainda no fim de abril, foi aceita pela 4ª Vara do Tribunal do Júri Capital, do TJPE, na terça-feira (3). Os acusados Carlos Adriano de Sá Barros, conhecido como “Nego Dal”, de 43 anos, e Cesar da Silva Aurem, de 30, também tiveram a prisão preventiva decretada.

Ao mantê-los na cadeia, o juiz considerou que os dois respondem a crime grave e já teriam histórico de violência. O magistrado também classificou a morte da criança como um “homicídio atroz” que “torna a população – notadamente aquela residente em comunidades carentes da presença estatal – refém do medo e da insegurança”.

“Assistindo diariamente à ação livre e impune de delitos, a população desenvolve um sentimento de revolta contra o Estado, trazendo a lume o fantasma da impunidade, o que contribui para o desprestígio das instituições ligadas à Justiça e à Segurança Pública”, registrou.

HOMICÍDIO

Helen foi baleada na noite de 12 abril, véspera do seu aniversário de 4 anos. Segundo o MPPE, Nego Dal e Cesar faziam parte do grupo que desceu armado a escadaria em Água Fria, para executar um integrante de uma facção rival. Os bandidos começaram a atirar no meio da rua, mas o alvo conseguiu fugir. O ataque foi registrado por câmeras de segurança.

A criança estava sentada no colo de uma prima, em frente à sua residência, quando foi atingida na cabeça. . A menina chegou a ser socorrida no Hospital da Restauração, mas não resistiu e morreu na noite seguinte.

RÉUS

Apontado como líder de facção voltada ao tráfico de drogas, Nego Dal já tinha dois mandados de prisão em aberto, antes do episódio, e era considerado um dos alvos prioritários no Recife. Nego Dal foi preso em Camaragibe em 29 de abril, em operação coordenada pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Em interrogatório, ele negou participção no assassinato de Helen.

Duas semanas depois, no dia 13 de maio, Cesar também foi capturado pela Polícia Militar  em Camaragibe. O acusado é descrito pelo MPPE como “executor recorrente de ações armadas” da facção. Para a promotoria, a ação que resultou na morte de Helen “foi deliberadamente planejada, com emprego de arma de fogo, em ambiente de grande circulação”. Ainda segundo o MPPE, os acusados agiram “sem qualquer cautela ou arrependimento”.

A reportagem tentou contato com o advogado de Cesar, mas não obteve retorno. A defesa de Nego Dal não foi localizada.