Um monumento ao desperdício Tombado há 20 anos e restaurado há seis, Edifício Chantecler segue sem uso, mesmo sendo um dos mais belos e imponentes do Bairro do Recife

Publicação: 21/07/2018 03:00

Vinte anos depois de ser tombado, e seis anos após receber uma restauração, o Edifício Chantecler, no Bairro do Recife, continua fechado e sem definição sobre como poderá voltar a ter uma função. O imponente imóvel localizado às margens do Rio Capibaribe, na esquina da Avenida Marquês de Olinda com a Rua Madre de Deus, só tem a parte externa reformada. Não há previsão para a realização de trabalhos de recuperação da área interna.

O arquiteto responsável pela obra de restauro da fachada, Jorge Passos, lamenta a falta de uso. A obra de recuperação da parte externa teve início em dezembro de 2010 e foi concluída em maio de 2012.

“Fizemos o trabalho de restauração da fachada, dos elementos decorativos, esquadrias e cobertura. Um segundo momento seria a recuperação da área interna, mas nunca houve continuidade do projeto”, disse. Segundo ele, na época foram cogitadas possibilidades de o imóvel se tornar um centro comercial ou um hotel.

O especialista em restauro arquitetônico lembra ainda que cerca de 70 funcionários, entre pedreiros, marceneiros, eletricistas, serralheiros e outros profissionais, trabalharam na obra. “A grande importância do edifício seria tê-lo vivo e com uma função. Não se restaura um prédio para que ele continue sem um destino. A obra já tem seis anos. Em breve ele vai começar a dar sinais de que precisa de manutenção”, afirmou. Passos citou ainda o exemplo de cidades como Londres e Lisboa como modelos que deveriam inspirar o Recife nos cuidados com o seu patrimônio.

O prédio pertence à Santa Casa de Misericórdia, mas é cedido à Realesis Empreendimentos, gestora do Complexo Paço Alfândega. Procurada pelo Diario, a empresa informou que não iria se pronunciar sobre o assunto.