Listas dos marcados para morrer José Moisés Avelino, assassinado no fim de semana, integra a relação de nomes ameaçados de morte em Chã Grande, município da Mata Sul pernambucana

Publicação: 15/01/2019 03:00

Duas listas com nomes de pessoas marcadas para morrer estão tirando o sossego dos moradores de Chã Grande, município com 20 mil habitantes da Mata Sul pernambucana, a 82 quilômetros do Recife. O material começou a circular em 2016, de forma inusitada, quando foi colado na parede do cemitério da cidade. No ano passado, em março, uma nova lista foi divulgada, dessa vez em uma escola pública abandonada no centro do município. Ambas foram recolhidas pela polícia.

 (Reprodução)
O assunto voltou à tona porque um jovem com 17 anos citado na segunda lista, José Moisés Avelino, foi assassinado na tarde do último sábado por homens que ocupavam um carro branco. Na semana passada, outra pessoa da mesma lista, um homem com 18 anos, também foi baleado no pescoço e no ombro, mas sobreviveu e foi atendido no Hospital da Restauração (HR). Momentos antes do atentado, ele conversava com Moisés em uma área descampada próxima ao centro da cidade. O corpo do jovem com 17 anos foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal de Caruaru (IML). A família está apavorada.

A segunda lista tem ao todo 14 nomes ou apelidos escritos a mão, com caneta, além das frases: “Vai tudo morar com o satanás” e “Ainda vem mais outra lista”. Ao lado dos nomes também foram desenhadas cruzes. A primeira lista traz 19 nomes, também escritos à mão, o número 666 – conhecido como o número da besta - e a frase: “O cão tá (sic) esperando. Vai tudinho pro (sic) inferno”. Calcula-se que da primeira divulgação, sete pessoas já teriam morrido. Da segunda lista, três pessoas já teriam sido assassinadas.

Um áudio que circula pelo WhatsApp entre a população de Chã Grande desde o ano passado traz uma gravação com uma voz masculina descrevendo ameaças contra as pessoas da lista. “Tô (sic) voltando. Agora eu quero a raça safada de Lajedo Grande. Quero pegar aquela raça safada que tá (sic) fazendo mal ao povo”, diz a voz anônima em um dos trechos da gravação. Em seguida é ouvida uma risada e sons de tiros.

Justiceiro
Acredita-se que as pessoas da lista são vítimas de um grupo de justiceiros, que deseja “limpar” a cidade da atuação de suspeitos de crimes. Entre os atos cometidos por algumas das pessoas assassinadas, estão furtos de celulares. A Polícia Civil, no entanto, não aprofundou as investigações, apesar dos casos terem começado em 2016.    

O delegado João Gaspar, da Delegacia de Primavera, está assumindo Chã Grande nas férias do titular. Ele informou que iria ao município para iniciar as investigações sobre o último assassinato em Chã Grande relacionado à lista da morte. “O caso já foi registrado pelo plantão do final de semana. Amanhã devo ter mais informações sobre o caso”, afirmou.

Vítimas

Assassinados


26 de janeiro de 2017
Richard Martins Pessoa, 26 anos, Riquinho
Wellington José dos Santos, 27 anos
José Augusto da Silva, 36 anos, o Chupinha.

2 de agosto de 2017
Tchaco de Camela

24 de outubro de 2017
Macaxeira

22 de fevereiro de 2018
Isaac Nilo dos Santos, 26 anos, Izaqui de Camela

19 de outubro de 2018
Jaboatão

27 de outubro de 2018
Val da Morada Nova

12 de janeiro de 2019
José Moisés Avelino Sitonho, 17 anos

Feridos
26 de janeiro de 2017
Wagner Alves

8 de janeiro de 2019
Macílio Rua da Água, 18 anos