Estalos e tensão no Hospital Getúlio Vargas Crea-PE e SES dizem não haver risco iminente de queda de blocos, mas funcionários estão assustados

Diogo Cavalcante
Rosália Vasconcelos
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Publicação: 03/12/2019 03:00

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) deve emitir um parecer, nesta semana, sobre a situação estrutural do Hospital Getúlio Vargas, no bairro da Caxangá. Ontem, o Conselho esteve no local para realizar uma vistoria visual das instalações, algumas já interditadas. Segundo o Crea-PE não há risco iminente de queda. No entanto, o clima entre médicos, enfermeiros, técnicos e outros profissionais do HGV é de pânico. Além de enormes fendas nas paredes, há relatos de que a estrutura balança e são ouvidos estalos. Ontem, as duas promotorias de Saúde do Ministério Público de Pernambuco instauraram inquérito civil para coletar informações.

“A Secretaria de Saúde do estado ficou de nos entregar projetos, laudos, relatórios de acompanhamento de avanços de recalques (afundamentos) e outros documentos para que o Crea-PE possa avaliar e juntar às informações do que vimos in loco. Só assim o Conselho dará um parecer oficial. Hoje (ontem), não visualizamos uma situação de risco iminente, mas já vimos que muitas áreas vão precisar de reformas e terão que ser interditadas”, disse o presidente do Crea-PE, Evandro Alencar.

Na última sexta-feira, foi interditado totalmente o Bloco G3 e o centro cirúrgico funciona de forma parcial apenas para emergências e urgências, após funcionários e pacientes ouvirem estalos e sentirem tremores na estrutura do prédio.

A Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe) acompanhou a visita dos profissionais do Crea-PE, mas não emitiu nenhum laudo nem realizou novas vistorias “por não ter havido solicitação”. A Codecipe se limitou a dizer que não tem competência técnica para dar um laudo para os outros blocos do Hospital Getúlio Vargas e que uma equipe de engenharia já tinha sido contratada para fazer a restauração de todo o conjunto predial do HGV. “Fomos acompanhar o Crea, a pedido da Secretaria de Saúde, repassar as informações do que vimos, dos problemas e dos motivos da interdição. O Bloco G3 está com algumas escoras e recomendamos que fossem feitas mais escoras nele”, informou a Defesa Civil do estado.

As promotorias de Saúde do MPPE instauraram inquérito civil com base em denúncias anônimas que têm recebido desde a semana passada, quando o assunto ganhou destaque na imprensa. Segundo a promotora de Justiça Helena Capela, no próximo dia 10 uma audiência está marcada para que os órgãos envolvidos sejam ouvidos. Foram notificados o secretário estadual de Saúde, André Longo, a direção do Hospital Getúlio Vargas, a Codecipe, o Corpo de Bombeiros e o Crea-PE.

“Nós do MPPE queremos garantir que haja a prestação de saúde pelo SUS à população. O objeto do inquérito é a suspensão de alguns serviços de saúde no HGV em função do risco de desabamento. Nós queremos que o estado diga onde as pessoas serão atendidas, para onde serão encaminhadas, sobretudo se todo o hospital for interditado”, afirmou Capela.

CIRURGIAS

Em nota, a Secretaria estadual de Saúde informou que a emergência, a enfermaria e a maior parte do bloco cirúrgico estavam funcionando ontem, atendendo os casos de urgência, bem como o atendimento ambulatorial. “Para minimizar os transtornos, está em planejamento um novo cronograma de cirurgias. Também está sendo feita a realocação do ambulatório para os outros consultórios em funcionamento. Todos os procedimentos desmarcados estão sendo devidamente reagendados pela direção da unidade”, disse a nota.

Sobre a estrutura física, a SES-PE informou ainda que até o momento não foi constatada a origem dos estalos ouvidos no prédio e nem qualquer alteração no espaço. “Além do isolamento preventivo e provisório, novas análises estão sendo realizadas para averiguar a situação e dar os devidos encaminhamentos. Sobre o escoramento recomendado pela Defesa Civil, a SES-PE já iniciou os trâmites de contratação da empresa e o trabalho será iniciado nos próximos dias. A Secretaria também está trabalhando em um estudo de intervenção para resolver definitivamente os problemas de acomodação estrutural do Bloco G da unidade”. A secretaria afirmou ainda que os laudos apresentados até agora atestam a segurança da estrutura.