Um retorno diferente à boa mesa Clientes matam saudades dos restaurantes, lanchonetes e bares, porém nada poderá ser como antes nos locais de alimentação, pelo menos por enquanto

DIOGO CAVALCANTE
Especial para o Diario
diogo.couto@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 21/07/2020 06:30

Após quatro meses de portas fechadas, bares e restaurantes voltaram a funcionar ontem, na Região Metropolitana do Recife e na Zona da Mata. Em um primeiro dia marcado por bom público em lanchonetes, mas restaurantes com pouco movimento, o Diario encontrou clientes saudosos de seus estabelecimentos favoritos e que disseram se sentir seguros em frequentá-los.

Para a empreendedora Amanda Ferreira, que almoçava em um restaurante na Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife, os estabelecimentos estão se esforçando para seguir as regras do governo. “As mesas estão um pouco mais afastadas. Eu também me previno com máscara e álcool em gel na bolsa”, disse, ponderando que descarta frequentar bares neste momento. “Não está na minha programação. Acho supérfluo por enquanto, vou esperar mais”, acrescenta.

O motoboy Roberto Martins estava sentindo falta de ter um lugar para comer no intervalo. “Me sinto mais confiante de estar dentro de um restaurante do que em um ônibus. O dono pode controlar o entra e sai de pessoas, coisa que é impossível no transporte público. E se eu vejo que o estabelecimento não está adequado às normas, é só me retirar”, aponta.

Em um momento como esse, a confiança faz a diferença. Esse foi o motivo que fez a assistente social Shirley Rodrigues sair para almoçar com o marido em um restaurante do Espinheiro, na Zona Norte. “A escolha tem que ser bem-feita. Eu procurei, nas redes sociais, saber como esse espaço estava trabalhando. É um dos meus favoritos e, como sabia que estavam tomando todas as medidas de segurança, vim. Me senti acolhida e segura para fazer minha refeição”, relata.

Reinício lento

Na Zona Sul do Recife, à noite, a reportagem só avistou grande movimentação em lanchonetes. Restaurantes e bares estavam abertos, mas o público era quase inexistente, tal como ocorreu à tarde em alguus estabelecimentos do Bairro do Recife e da Zona Norte da capital.

Apesar do público reconhecer o esforço dos restaurantes, o momento é visto com cautela por empresários (leia mais na página A5). Dono de um self-service no Bairro do Recife, Ricardo Carvalheira Jr se disse decepcionado com a baixa procura. “Reduzimos em torno de 80% do nosso bufê. Esperávamos pelo menos umas 30 pessoas, mas até a tarde só apareceram quatro”, lamenta.

Na porta de entrada do restaurante de Ricardo, estão disponíveis álcool em gel e luvas para os frequentadores. As mesas estão espaçadas. O salão, que antes tinha 150 espaços, agora há 75. “Reduzimos o bufê em 80% também. Estamos resistindo como podemos. Poucas empresas voltaram a funcionar no bairro. E também houve um terrorismo em cima do setor, pintando os restaurantes como vilões”, discorre.

Administrador de um restaurante na Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife, o gerente Dorgival Hermínio estava menos decepcionado. “Para o primeiro dia foi um movimento normal. Até as pessoas se adaptarem a voltar a frequentar esses espaços, lidando com novas realidades de higiene, é normal que isso aconteça”, opina. O estabelecimento dele reduziu a capacidade de 250 para 125 pessoas e, além das determinações estaduais, adotou um tapete sanitizante na entrada. “Ainda é cedo para tirar conclusões”, salienta.