Nota mil do Enem vira polêmica em Escada Notas da redação e de duas outras áreas do estudante Igor Kleyverson aparecem diferentes no sistema. Cursinho apagou homenagens ao aluno

Adelmo Lucena

Publicação: 19/01/2024 03:00

O estudante Igor Kleyverson da Silva, de 23 anos, viu o sentimento de alegria por alcançar a nota 1.000 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se transformar em um tormento. Desde a noite da quarta-feira (17), na Página do Participante do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), consta que a nota do jovem é 680. O vestibulando seria um dos dois candidatos no estado a alcançar a nota máxima. A outra foi a professora Lilían Carvalho. Até o momento, nenhum outro estudante veio a público informar que tirou nota mil na redação do Enem de 2023.

Igor mora no município de Escada, na Zona da Mata, e é ex-aluno do curso preparatório Fábrica Concurso, que fez publicações nas redes sociais referentes à nota do vestibulando na terça-feira (16). Quando a informação sobre a suposta fraude começou a circular, o estabelecimento apagou as postagens.

Por meio de um vídeo no Instagram, o estudante alegou que pode ter sido vítima de um hacker ou de um erro no sistema do Inep. “Acordei com a notícia da minha irmã dizendo que eu estava sendo investigado por fraude. Quando entrei [na Página do Participante], as minhas notas estavam todas abaixo daquilo que eu tinha postado. Mas eu fiz vídeo, foto e não tinha com que me preocupar. A gente desconfia que pode ter sido algum erro do Inep ou ataque”, alegou. O estudante disse que contratou um advogado e que fez uma requisição para o Inep.

Por meio de nota, o Inep informou que “a base de dados com os resultados das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 é a mesma desde a publicação no ambiente de administrador da Página de Participante, que ocorreu em 15 de janeiro de 2024 para a divulgação realizada no dia seguinte”.

Igor Kleyverson enviou capturas de tela das notas antes e depois da suposta alteração. Além da redação, as notas das áreas de conhecimento Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, que foi de 594,4 subiu para 634,4; Matemática subiu de 632,5 para 917,5.

O jovem explicou que não quis abrir a Página do Participante na frente do diretor do curso, Gabriel Veras, por questões de segurança e negou a versão anterior em que ele afirmava que a namorada que teria visto a nota primeiro, pois ele tinha esquecido a senha de acesso.

Ao Diario de Pernambuco, Igor Kleyverson contou que o diretor do curso preparatório foi quem acessou a Página do Participante do estudante e o acusou de ter fraudado as notas.

“O diretor da escola teve acesso de alguma forma a minha Página do Participante. Ele entrou na plataforma para ver e estava com os meus dados, que eu não forneci. E se eu tivesse fornecido de alguma forma, eu não dei a permissão para ele invadir a minha privacidade. Quando eu abri, foi que eu tive a surpresa e na mesma hora a gente procurou um advogado e mandou uma nota para o Inep, mas até agora estamos sem resposta”, afirmou.

No entanto, o diretor do Fábrica Concurso, Gabriel Veras, negou que tenha acessado a conta do estudante e que Igor “já havia me mostrado a página aberta em sua casa”.

O diretor relatou que soube que o estudante não havia atingido a nota máxima através de um vídeo enviado pelo Whatsapp, onde supostamente o aluno aparece adulterando as notas.

“Por se tratar de um município pequeno, começaram com um burburinho da existência de um vídeo da página do candidato do Inep, fazendo uma ‘edição in loco’, inspecionando a aba e adulterando o resultado oficial. Esse vídeo circulou em grupos de whatsapp e chegou ao meu conhecimento”, explicou.